domingo, 23 de maio de 2010

Shrunken Man

Essa foi uma semana curiosa. Algumas coisas boas, outras ruins... no geral, eu diria que o saldo foi positivo.

Odeio gente fofoqueira e velhaca. Pessoas que tentam puxar o tapete dos outros para subir, pois impossível fazerem-no pela competência. Imbecis fracassados incapazes de fazer melhor e enciumados de quem o faz. É por isso que esse país... que esse mundo não vai para frente.

Passado o assalto de ódio, ontem fui a um restaurante chamado Aire, no Centro. Tem ares de chique: a comida é cara e vem em porções estilo "trattoria". Entretanto, o atendimento é ótimo e, o ambiente, aconchegante. Sem falar na apresentação de dança flamenca (que me gusta mucho, sí).

Os dançarinos compenetrados em sua expressão de uma tradição que luta para perdurar no mundo moderno. Costumes esses que vêm se apagando rapidamente com a padronização imposta pela globalização. Pensava nisso enquanto observava a dança e tentava imaginar exatamente que realidade elas expressavam. Flerte, conquista, afirmação, caráter, honra?

Estamos perdendo a identidade de grupo para nos transformarmos em individuais que interagem e se comunicam apenas virtualmente... uma regressão à Idade Média dos burgos, porém, num espaço ainda menor: nossas casas. Admirável Mundo Novo não era assim tão pessimista... pelo menos eles se promiscuíam pessoalmente, não por webcam (a que ponto chegamos!)

"It's learned behavior, uh huh
It's evolution, baby!"

Pearl Jam - Do The Evolution


Causos do transporte coletivo:

I

Dia 18/05, Shopping Estação, 13:41h. Eu e dois de meus colegas de serviço passeávamos pelo hall do cinema, quando vimos um piá de uns 12, 13 anos "dançando" freneticamente em uma daquelas máquinas de dança que todo shopping possui. Um grupo de igual idade o cercava, torcendo pelo seu bom desempenho. De repente, não mais que de repente, um dos outros piazinhos solta:

- Vai, Ju, não pára, não pára!

Esse aí ainda tem muito o que aprender...


II

19/05, 17:17h, ponto final da linha Água Verde/Abranches, esquina da R. Mateus Leme com a R. Vitório João Brunor. Como os ônibus vinham apenas de 25 em 25 minutos, eu passava a maior parte do tempo fazendo... nada. Lendo um gibi que eu comprei, às vezes. Eis que, pouco antes do horário supracitado, um velhinho estaciona seu carro por ali perto e desce com uma pasta onde se lia "Poder Judiciário" em direção à farmácia; logo, era advogado. Logo depois, já voltando ao carro, pára, olha para mim, aproxima-se e diz:

- Posso te fazer uma pergunta?

- Pode sim, à vontade. (Já me preparava para levar um esporro sobre moral e ética sem ter culpa disso).

- A que se deve a... a sua atuação... aqui?

- A aquilo ali (apontei um coletivo que vinha). Ônibus.

- Aaah sim sim, entendi!

Logo que expliquei exatamente o que fazia ali, o velhinho concordou comigo e se mandou; foi bastante gente boa. Mas que ia bronquear comigo se eu não tivesse um bom motivo de ali estar, ah ia!


III

20 de Maio, 17:21h, linha C. Comprido/CIC, carro LA054, R. Eduardo Sprada. Passava eu dentro dele de volta ao Terminal do C. Comprido quando, perto da Estação Tubo CIC Norte, observo uma menina de uns 6 a 8 anos riscando com giz de várias tonalidades um anúncio que propalava: "Xerox Colorido a R$0,08".

A propaganda é a alma do negócio.


IV

22/o5/10, Av. Iguaçu esquina com R. João Negrão, 14:31h. Estávamos parados ali por perto quando, súbito, um carro sai de um estacionamento, se posiciona mais ou menos no meio da quadra, engata a ré e vem por uns 100m até estacionar perto da esquina. Depois volta e entra no recinto do dito local.
Logo após, outro carro faz a mesma manobra duas vezes. Em terceiro lugar, a barbeiragem é feita com um BMW, o que nos fez questionar o garoto que manobrava (e que era o mesmo nas quatro vezes) qual o propósito da ação.
Este confessou-nos que fazia isso com automóveis de clientes para não precisar andar a pé ao trocar alguns carros de estacionamento, visto que aquele já estava superlotado... que coisa, não?


Poema do dia:

Ufanista Sem Alívio

Vivo num país em guerra
Mas que finge estar em paz
Onde o cidadão que erra
Sempre sai ganhando mais
Vou numa nação em crise
Mas que diz ter o controle
De todo e qualquer deslize
Enquanto o povo passa fome

Vivo sobre um chão sem dono
Mas que muitos reivindicam
Os jovens vivem com sono
Os velhos morrem nas filas
Sigo sem saber por onde
Paro sem saber por que
Enquanto o Estado se esconde
Bem onde eu possa ver

Ninguém se cansa
De falar sem começar
E nessa dança
Quem dita o ritmo é quem não sabe tocar

Vivo só pra sustentar
Uma estrutura falha
Que insiste em me passar
Pelo fio da navalha
O Direito é sinistro
Só o tem quem dele sabe
O canhoto é mal visto
Como alguém que aqui não cabe

Vivo e sobrevivo, sempre
Pois, de medo, eu não desisto
Dos ladrões, ninguém me lembre
Todo o dia eu assisto
Aos assaltos que, impunes
Vêm à noite, à luz do dia
E o que hoje não se assume
Coragem, tudo é covardia

Ninguém se cansa
De tirar sem repor
E nessa dança
Quem dita o ritmo é quem não sabe compor

Cristiano Tulio - 12/05/2010

Um comentário:

  1. É, eu sempre me pergunto isso: A que ponto chegamos!?

    E se não fosse os causos do TC eu ia ter saco de ler aqui!hahahaha(brincadeira)
    por isso:

    "Vai, Cris, não pára, não pára"

    UHAUHAUHAUH

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