domingo, 26 de setembro de 2010

Soldier

Olá, caros e poucos (porém, fiéis) leitores. Após um período deveras atribulado de minha vida, eis-me aqui novamente para discorrer sobre alguns disparates.

Religião. Eis um tema que me vem "chapando o coco" há algum tempo.

Catolicismo, espiritismo, budaísmo, protestantismo, islamismo... e outros ismos. Curioso aperceber-se de que todos eles, sejam mono ou politeístas, laboram com o imaginário situado no pós-vida (ou pós-morte, como queiram), no sobrenatural, no inexplicável. Não é à toa que são crenças.

Interessante deitar olhos aos povos antigos. Etruscos (povo, inclusive, fundador de cidades funerárias, como Volaterræ), egípcios, romanos, gregos, vikings, chineses... todos dedicavam alguma parte de sua história ao culto aos mortos e à crença em uma continuidade de existência, qualquer que fosse o nome que, a isso, davam (reencarnação, ressurreição, dentre outros).

O ser humano não suporta viver em um ambiente que não possa explicar, de alguma forma. Tampouco admite que está aqui sem qualquer razão aparente que não a geração de descendência para sobrevivência da espécie¹. Deve haver um motivo, uma missão maior, uma eternidade a ser desfrutada.

Aí entram as máximas de salvação e comportamento moral e eticamente correto. Há de se fazer o bem aos demais para que se consiga a vida eterna. Os maus queimarão no mármore do inferno.

Entretanto, ao relembrarmos a religião persa do zoroastrismo (Ahura-Mazda - bem - e Arimã - mal), bem como o ying-yang (precitado em post anterior), podemos concluir que o mal e o bem são coisas necessárias ao mundo. Um não existe sem o outro.

Imperioso que existam pessoas más, para que possamos distinguir entre os caminhos. No entanto, igualmente, preciso que sejam as pessoas más punidas; as boas, recompensadas.

Chegamos, então, às ciências humanas. O Direito, por exemplo, fundamenta-se nesses princípios de penitência e recompensa. E ainda querem dissociar jurisprudência de moral e ética.

Voltando ao tema central, como as crenças têm arrimo em coisas inexplicáveis, porém, críveis, alguns defendem que os deuses são "os senhores da lacuna".

Não creio que seja assim. Não é porque não podemos explicar as lacunas que elas estão ali. É porque estão ali que não podemos explicá-las. Algo de superior existe, sim. Físicos famosos atualmente, como Hawking, mostram que existem coisas ininteligíveis (in exempli: a velocidade de expansão do universo, que se situa num valor exato para que este não imploda sobre si mesmo). Até porque, considerando-se a singularidade do big-bang, cuja anterioridade temporal é tida como inexistente, não há como explicar precisamente de onde viemos. A pergunta sempre remete a algo maior, do tipo "quem criou a bola de fogo do big-bang?".

Estranho, para mim, é que centralizemos as questões de crença em nós mesmos, e não naquilo que não podemos explicar.

"I know things change
But you're living like a soldier
Who's caught in the fray
Don't lose your faith
It's not so cold, it's not too late"


Histórias do transporte coletivo:

I

Terça-feira, 21/09/10, 14:53h, Term. Alm. Tamandaré. O veículo 16R43, da linha Tamandaré/Cabral, demorava a se apresentar. Cinco, dez, quinze, vinte minutos e nada. Logo, com o veículo posterior, veio a notícia: o carro havia sido assaltado.
Mais além, no Terminal Cachoeira, encontrei com o cobrador e o motorista do respectivo coletivo. Contaram-me, então, que os assaltantes apareceram à mão limpa para fazer um "pente fino". Conseguiram levar 35 reais, mas apanharam como nunca dos operadores e de alguns passageiros. Decididamente, o crime não compensa.

II

Term. Sta Felicidade, dia 26/09/10, 18:32h. O motorista da linha Interbairros IV, veículo GR123, estaciona e espera os passageiros subirem, ao mesmo tempo que o carro MC070 da linha Sta. Felicidade aporta no referido local. Um passageiro dirige-se apressadamente em direção ao "Goiabão" para nele embarcar. O condutor deste fecha as portas e ameaça sair, no que o usuário em potencial acena para que ele espere e abra as portas. Então, o motorista simplesmente vira o rosto e ignora o usuário em questão, arrancando.
Adivinhem quem era o passageiro?
Essa olhada de lado vai custar uns 30 reais, pelo menos.


Poema do dia:

Senhas

Vais aonde queres
Mas não vais comigo
Tens a quem procuras
Mas não tens a mim
Como todas as mulheres
Nunca te sacias
Pois teu mal seu cura
É não chegar ao teu fim

Ganhas o que pedes
Menos o que eu tenho
Visto que desdenhas
O que morres por obter
Sobes pelas paredes
Em teu silêncio ferrenho
Que tudo diz em senhas
Nesse jogo de esconder

Tranca-te na cadeia
E, então, engole a chave
Pra depois te arrependeres

O amor corre nas veias
Canta alto, em dó a clave
De quem nega os seus haveres

Cristiano Tulio - 05/09/2010


1 - "Memento homo quia pulvis et et in pulverem reverteris" (Lembra-te, homem, que do pó vieste e ao pó retornarás).