domingo, 27 de junho de 2010

Maybe, Maybe

Há dias em que nada dá certo... ou, se não dá errado, dá em nada.

"Plans that either come to naught
Or half a page of scribbled lines" canta Roger Waters.

Às vezes, você começa a pensar sobre a vida que (te) leva, sozinho ou escutando dizeres de outras pessoas, ouvindo músicas, analisando situações... aí, surgem teorias do caos explicando o inexplicável; conspirações envolvendo sociedades e interesses secretos, poder, dinheiro; o destino ou o acaso; os desígnios divinos...

Nada disso parece satisfazer o espírito ou o coração quando tudo desanda. Fácil esmorecer nesses momentos.

É custoso acreditar no que (não) acontece. Pensar que tudo se encaminha para um fim quando, em verdade, o final da trilha se faz outro. Agir e acreditar em coisas que, talvez, não tenham nenhum lugar na realidade. Dar o melhor de si e esperar dos outros o que eles não podem ou não querem ceder.

Acaba se tornando insano continuar... mas já entoava a banda Cake:

"But you still don't like to leave before the end of the movie"

Mesmo assim, inevitável questionar: "where did it all go wrong?". Eu mesmo sempre costumo dizer que é fase, que tudo passa... contudo, parece que alguns possuem estrelas que lhes guiam; outros, buracos negros que lhes sugam a energia.

Por outro lado, considerando que os buracos negros emitem certa quantidade de matéria/energia (vide Stephen Hawking), não é simples determinar o que é melhor. Reviravoltas, surpresas, assim é a existência. Sem constância, com substância, porém, em diversas ocasiões, ocultando ou deixando faltar um objetivo maior que nos tire a impressão passada por esse refrão do Oasis:

"Here am I, going nowhere on a train
Here am I, getting older in the rain"

Por que raios tenho de ter tantas dúvidas?


Poema do dia:

Ocean Blue

All I might discover
To keep on alive
Is where is the power
To be on cloud nine
Life is hard, but never
Lets you all apart
So we're here together
Trying really hard

Driven by a dream
From somebody else
Things I'd never seen
Happen here as well
As my eyes can't see
Nothing but the light
Just wanna be free
If black of if white

Any angle comes to show
Where the river flows to
Sailing nowhere, I just go
Looking for the ocean blue

Tools to help me get
What I need to die
Newer than I should
Older than I'd like
But the bliss is there
Waiting for the meet
Of the ones who care
'Bout other's heartbeat

Cristiano Tulio - 27/06/2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Runaway

Sinto-me cansado... com tanta coisa para fazer... nem tenho tido muito ânimo para postar aqui. Problemas, problemas... briga daqui, conversa de lá, planeja acolá, e vai por aí.

A vida é curiosa... num momento, tudo parece em paz, sob controle. Num repente, um furacão se instala, e nada mais está em seu lugar. Ou, se está, não é mais a mesma coisa, ou do jeito que era antes.

É o que dá graça na existência. É, também, o que provoca a desgraça da existência. Conflitos provocados pelas atitudes egoísticas do ser humano... em verdade, de qualquer ser: a sobrevivência por si só ocasiona choques. Vegetais e seus parasitas, animais e seus predadores...

Difícil é não esmorecer quando as questões se tornam imensas, ou parecem (e, às vezes, se tornam) invencíveis, material ou psicologicamente. Costuma acontecer quando tudo parece vir numa enxurrada, com a força dos sete mares, enquanto você se encontra num beco sem saída. Às vezes, conseguimos nadar; noutras, desmaiamos, mas algo ou alguém nos salva; em terceiras... bem, nem sempre é possível ganhar na vida; que o seja na morte.

"In the desert fields
A fever so high
Makes me wanna shout...
Sahara nights"

A vontade é de correr... para longe, para lugar algum, para nunca mais, para sempre.


Causos do transporte coletivo:

I

31/05/10, 15:42h, Terminal da CIC. Lá, conheci o mais novo veículo de testes do transporte coletivo: o XY020, da Redentor, um ligeirinho que foi colocado para fazer a linha CIC/Colombo no lugar daquele HL098 que visitou a Pernambucanas. Semanas depois, já havia queixa de que esse carro vive atrasado...

II

16:42h, no mesmo dia 31/05, itinerário da linha Interbairros V, veículo JR102. Ia eu até o Terminal do Portão quando avistei, pelo caminho, enquanto pensava na janta, a Panificadora Bão Pão. Perdi a fome.

III

No dia seguinte, 01/06, às 16:52h, enquanto passageiro do 20R30, linha Colombo/São José em direção ao Terminal Maracanã pela R. Abel Scuissiato, distingui uma oficina de automóveis de peculiar nome: Agora Vai. Fiquei imaginando o mecânico consertando um carro e tentando fazê-lo funcionar... acho que nunca pisaria ali.
Contudo, as coisas sempre podem piorar... logo após, uma loja de roupas exibia, orgulhosamente, um cartaz onde se lia: tecidos de vitrini. Vitrini, biquine... o português agradece.

IV

Calma, ainda não terminei! 15:27h, itinerário da linha Capão Raso/Caiuá, carro JA021. Passava perto da Escola Mun. Pró-Morar Barigui quando deparei-me com o point da localidade: Sorveteria Quatro Estação! Como pensaria Garfield, o amável e sutil gato de Jim Davis, "aaaaaaaaaaaarggggggggghhhhhhh"!

V

Dia 09/06, 17:11, Terminal do Bairro Alto. Observava o movimento dentro do AB020, Interbairros III, quando notei que uma gatinha morena, cabelos longos, vestindo a camisa da Argentina, subiu a bordo do CN400, linha Paraíso (imaginem todas as implicações possíveis nessas circunstâncias!).
Como eu queria que essa linha não possuísse ponto final...

VI

Lembram do português? Ele voltou! Logo após sair do terminal acima referido, próximo da Av. Victor F. do Amaral, vi surgir a Churrascaria Borel e seu empolgante lema: "eh aki ke nois xurraskeia". Vamux lah, miguxu?

VII

Pra terminar, 13:00h em ponto, dia 17/06, Pç. Eufrásio Correia. Mal chego para iniciar o trabalho quando, descendo do veículo base, escuto uma menina de uns 14 ou 15 anos, trajando uniforme do Colégio Acesso, dizer: "Eu amo minha mãe! Ela me deu um casaco novo!"
Imagine se odiasse!


Poema do dia:

Sever

Shone, tons of ash
That once brighted when it was coat
Gone, years of bash
That now we just practically forgot

Flown by the homes
That once we lived in when so alone
Grown at the roads
That now we say we've never known

Cloudy days can come
But they are not forever
Foggy mornings make us try to see
Rainy hours will fall
But we will need to sever
What was from what still can be

Oh no, it is too late
To start again
So let's change the fate
And just begin
A brand new thing
Just banishing the pain
Abandoning what is in vain

Cristiano Tulio - 14/06/2010

sábado, 12 de junho de 2010

Onibusfobia

Bem... não era exatamente sobre o que eu pensara escrever por esses dias... porém, como muitas pessoas têm me perguntado sobre o acidente de ônibus ocorrido na última quinta-feira, achei útil expressar algumas informações ou opiniões sobre o ocorrido.

Em tempo, para quem ainda não sabe (o que eu acho difícil): dia 10/06/10, às 11:30h aproximadamente, um ligeirinho da linha Colombo/CIC, prefixo HL098, desceu a curva da Pç. Tiradentes desgovernado e arrastou tudo o que encontrou pelo caminho, atingindo dois carros, furando o sinal vermelho, passando reto na curva que dá acesso à Tv. Tobias de Macedo e quase entrando em uma unidade das Lojas Pernambucanas. Duas mortes e trintas pessoas feridas são os números lamentáveis da tragédia.

Muitos já me questionaram o que teria acontecido de fato com o coletivo.

Fazendo algumas pesquisas, descobri que o carro em questão era um Caio Apache Vip, provavelmente ano 2002, chassi Volvo B7R Urbano, semelhante a esse.

Segundo o que pude averigüar, os modelos Volvo B7R possuem sistema de freios EBS-5, controlados por meios eletrônicos, que incluem ABS, regulagem de pressão e frenagem nos discos. Em outras palavras: o sistema de freios do ônibus, como o dos outros em geral, é a ar.

Alguns passageiros do sinistrado disseram ter ouvido um grande estalo... isso pode denotar algum rompimento em alguma parte importante do sistema: barra de direção, algum dos componentes do sistema a ar e mesmo pane nos sistemas eletrônicos.

No site da RPC, especialistas afirmam que pode ter havido falha humana. Não ouso discordar deles; entretanto, não creio que ela tenha sido o fator determinante do desastre. Num primeiro momento, o veículo acertou um táxi, percorreu mais 30 metros e acertou outro carro, e percorreu mais 20 metros até parar na calçada. Acredito que, se fosse alguma imprudência do condutor, esta teria cessado logo após a batida no táxi ou, no máximo, no segundo carro.

Interessante ver uma reportagem no exato momento em que o linha direta desgovernado passa pela curva da Pç. Tiradentes:

Não é difícil de reparar que o ônibus já vinha sem controle: faz a curva de uma forma torta, esquisita e rápido demais. Contudo, nem tão rápido que não pudesse parar se frenado (estimaria a velocidade dele em 40 a 50 km/h; com um peso de 16 ton, o ônibus pararia, em meu ver, a tempo de evitar o choque com o segundo carro - 30 m). Cansei de ver ônibus nessas velocidades pararem em espaços até menores.

Tudo bem que a fama de pés-de-chumbo dos operadores de ligeirinho é grande... mas não consigo acreditar que a culpa tenha sido do motorista. Se houve, é mínima. Acho mais provável uma pane no sistema de ar... ainda mais porque não se sabe se o veículo tinha sistema de frenagem reserva.

É o que eu acho. Pode ser que eu esteja redondamente enganado, claro. Negócio é ver os laudos depois.

Após isso, permito-me discorrer sobre alguns pensamentos:

Impressionante ver como as desgraças... ou as glórias... enfim, os grandes eventos costumam marcar e assombrar as pessoas. Tornam-se assuntos falados, discutidos, opinados, dissecados. Convertem-se, ainda, em pontos da História de um povo, seja qual for a amplitude desse conceito.

Cuidados são tomados; mudanças, planejadas; a atenção e a prevenção surgem em seu estado máximo. Todavia, passado certo lapso temporal, tudo retorna ao normal, até que outro grande acontecimento tenha lugar.

É a máxima do tempo cíclico: em certos intervalos, alguma coisa importante acontece para causar alterações. Porém, na maior parte dos dias, tudo transcorre de maneira corriqueira. Embora os acontecimentos sejam diversos, os significados a eles atribuídos são semelhantes, de forma a agrupá-los e classificá-los de acordo com sua influência na vida das pessoas que por ele foram atingidas.

Ademais, tais fatos ocasionam um aumento da tensão e da atenção do ser humano, estados incomuns que não são mantidos por muito tempo. Logo o cotidiano toma conta de novo.

Por isso que há a ilusão de acontecimentos totalmente novos. Alguma novidade há. Por outro lado, não deixam de ser eventos explicáveis por alguma experiência passada, encaixáveis em alguma modalidade de marco pré-estabelecida. Em outras palavras: já vividos de alguma forma por alguém.

Em outro ponto de vista: às vezes, é preciso que grandes coisas ocorram para que alterações nercessárias sejam efetuadas. O aprendizado reflete nisso porque a memória do homem é pouco poderosa e, este, teimoso. Erra até se ferrar com o equívoco. É um mal preciso, um bem canhestro. Do sentimental ao científico, o empírico sempre é mais eficiente... mas não é único (a intuição, que anda em baixa, volta e meia é ótima companheira na prevenção de infortúnios).

"Read what you say and what you bought
And there ain't no magic pen to get back what you lost"


Escrevi demais; duvido que alguém leia tudo. Poema do dia:

Pelo Mundo

Quando te vais
Os barcos se escondem
Ancoram no cais
Tementes do mar
De seus horizontes
Sem limiar

Navegar indeciso
Viver impreciso
Enquanto precisares

Cristiano Tulio - 01/06/2010


*Fontes do post - informações sobre o ônibus e o acidente:

1) http://www.onibusdecuritiba.com.br/galeria/details.php?image_id=611
2) http://www.caio.com.br/produtos/urbano/apachevip.php?lg=P&idm=17#t
3) http://www.volvobuses.com/bus/brazil/pt-br/onibus/urbanos/b7r+urbano/pages/b7r+urbano.aspx
4) http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1013020&tit=Corpos-das-vitimas-de-acidente-de-onibus-sao-enterrados-em-Curitiba

sábado, 5 de junho de 2010

Bem Vindo Ao Mundo Adulto

A vida corre; o relógio é impiedoso. Tudo de forma cíclica, por mais que a História nos traga a ilusão de acontecimentos únicos e marcantes.

Entretanto, às vezes, alguns fatos acabam sendo interessantes, de um ponto de vista pessoal. Assim foi o show do Biquini Cavadão a que assisti, no dia 02/06, uma quarta-feira de noite parcialmente nublada, em Curitiba.

E lá vamos nós de novo. Dessa vez a viagem foi mais curta: de casa para a Av. Água Verde, 66, onde fica o Momentai. Nunca tinha ido ao lugar, que é típico pra baladas: fechado e não muito espaçoso.

Os aventureiros da vez seriam o Ivan, o Luciano, a Islayne, a Kelly e eu. Eles queriam sair bem cedo (lá pelas 21:15h) e eu já queria ir mais tarde. Afinal, baladas começam tarde e terminam cedo. Porém, fui voto vencido e lá fomos nós.

Chegamos umas 21:30h. Adivinhem? O local ainda estava fechado, óbvio!!! Alguns minutos depois, pedi meu ingresso e descobri (porque ninguém tratou de me lembrar) que precisava da carteirinha de estudante para entrar, visto que era meia (sim, eu vou ao cinema todo dia; logo, devia estar com ela... que rico eu sou!). Nada que um quilo de alimento não resolvesse...

Depois de caminharmos pelo menos 1 km, achamos o Extra ali por perto. Comprei 1 kg de feijão (que é o que todo mundo compra nesses eventos) e voltamos para o lugar... uns 10 minutos antes do horário de abertura das portas...

...ou melhor: que seria de abertura das portas. Já havia uma fila, mas o acesso começou apenas às 22:45h mais ou menos. E já ali, pelo menos para nós, começou o espetáculo: o show tinha classificação apenas para maiores de 18 anos; o Ivan (que é menor), leu no Disk Ingressos que era de 16 para cima. O infante é barrado pelo segurança e não houve jeito: NÃO ENTRA. O menor, desconsolado, dirige-se de volta ao carro e nós entramos para ver o .

Diria que quase foi um xô, mesmo. A apresentação, que pensávamos começar às 22:30h, começou 01:15h. Nesse meio tempo, os "tuches" e a agitação quase fizeram a Islayne... dormir (há quem fique com sono nas mais estranhas circunstâncias!).

Por fim, entraram os caras! Fizeram de tudo: tocaram covers, agitaram a galera, tocaram sucessos, músicas novas... o Bruno desceu no meio da galera e trouxe uma fã (gata, porém, desafinada) para brindar-nos com sua voz de taquara rachada. A mina fez de tudo: tocou meia lua, tentou agitar a galera também. Não deu muito certo; Biquini fez bem melhor... :P

Durante o show, tinha um fã exaltado da banda que insistia em ficar pulando e se contorcendo na minha frente... tudo bem ser fã, mas de fã a viado a distância vai longe! Umas belas cotoveladas deram jeito no folgazão.

No todo, outro show alucinante... a banda sabe entreter e tem músicas e letras boas como nenhuma (eu disse NENHUMA) banda formada após 2000 consegue fazer. Rock é isso; o resto é EMO!

Tudo teve fim às 3 horas da manhã, mais ou menos. Ainda comprei o CD novo do grupo por míseros 6 (é, meia dúzia) reais. Realmente, uma exibição para ser guardada na memória! :)

Agora, um momento de reflexão:

Quando digo que bandas recentemente lançadas na e pela mídia são ruins, não é ser retrógrado ou não admitir que existam algumas boas... Keane é um grupo mainstream bastante respeitável, com canções das quais consigo lembrar mesmo depois de ANOS ouvindo outras coisas.

Onde quero chegar? Explico.

As bandas novas (Franz Ferdinand, Paramore, MGMT, essas coisas) fazem músicas que, embora agitadas, são fortes em apenas alguns pontos: se a música é boa, a letra é ruim, ou vice-versa. Assim, o meio musical vem se tornando, como quase tudo hoje, um produto de consumo imediato, descartável, intermitente. In exempli? Quem se lembra de Outkast, uma banda que fez muito sucesso com a canção Hey Ya pelos idos de 2004, 2005? Tocou na MTV até estourar os tímpanos e, atualmente, pouca gente ainda escuta aquilo.

Por outro lado... mencione Another Brick In The Wall (Part II), do Pink Floyd. Díficil alguém que nunca tenha ouvido. Ou Wonderwall, do Oasis, clássico romântico dos anos 90. E The Beatles? Pegue as letras dessas canções, os sons, a harmonia, a melodia... irrepreensíveis. Essas bandas vieram de uma época em que ainda havia objetivos e engajamento em grandes ou pequenas causas. Aí vem a pergunta: pelo que lutamos hoje??? Por um individualismo fútil e ridículo, melhor expresso com palavras do que com gestos ou atos?


Poema do dia:

Veemência

Sem aço, cansaço
Do peito que tanto inspira
Expira, perspira
Ao manter o passo
No espaço de uma mentira

Sem azo, o acaso
Do mundo que está ao redor
Menor ou maior
É o nosso prazo
Não depende só do suor

Quem vem afirmar com veemência
Somente o faz para não fremir
Diante de sua própria negligência
Em não aceitar ao admitir

Sem ato, desacato
Da natureza tanto intrínseca
Única, ínfima
De movimento nato
Advindo duma idéia cínica

Cristiano Tulio - 04/06/2010

terça-feira, 1 de junho de 2010

I Don't Want To Miss A Thing

A vida corre; o relógio é impiedoso. Tudo de forma cíclica, por mais que a História nos traga a ilusão de acontecimentos únicos e marcantes.

Entretanto, às vezes, alguns fatos acabam sendo interessantes, de um ponto de vista pessoal. Assim foi o show do Aerosmith a que assisti, no dia 29/05, um sábado de sol e céu limpo, em São Paulo.

Acordei umas 15 para as 6 para chegarmos (eu e meu amigo Ivan) lá às 15 para as 7. Saímos umas 8 da manhã se não me engano (e, como eu odeio acordar cedo, fiquei pensando que podia ter dormido um pouco mais). Durante o caminho, uma estrada mais tortuosa do que o caminho para o Calvário; um almoço caro e a tentativa de dormir com um ônibus apinhado de fans de rock cuzidos (não que eu não seja um deles, mas não quando eu durmo por apenas 3 horas antes de uma viagem).

Depois, a chegada em São Paulo. Quer dizer, não dava para saber exatamente onde era a cidade... nem onde estávamos. Av. Macedo Soares, Av. Pompéia... acho q caímos nessas duas ruas umas 378 vezes... sem contar a infinidade de elevados, abaixados e tantos outros caminhos que sei lá aonde levam. Enfim, 15:30h chegamos ao Estádio Palestra Itália.

Agora, achar o final da fila... quem disse? As filas se misturavam, se digladiavam por espaço ao redor do local! Levamos uns bons 20 minutos (para mais) até acharmos a nossa. Na fila, conhecemos duas mulheres curitibanas (mãe e filha) que nos ajudaram muito ao longo do show.

Às 17:30, finalmente, entramos e escolhemos nossos lugares. Uma boa visão, sem dúvida. Logo, a natureza entrou em cena e a vontade de ir ao banheiro surgiu. Quando chegamos lá, a surpresa: apenas o masculino estava aberto, o que fazia com que as gurias e os piás se revezassem no seu uso. Imagine o que não foi isso ao longo do show (e piorou, pois mulheres entravam no banheiro dos homens sem pudor, mais tarde).

Vamos na espera, decido comprar um pacote de Ruffles. Chegou o vendedor, pedi um, estendi minha nota de 20. O cara apalpa o dinheiro, apalpa, desconfia... me devolve; diz que a nota é falsa (eu, com notas falsas? Era só o que faltava!). O Ivan se oferece pra pagar... o cara pega, olha, passa o dedo... e fica desconfiado (sim, uma quadrilha de falsários curitibanos!), mas leva a nota... e me dá o troco errado. Depois de mais 15 minutos, tudo se resolve.

Lá pelas 20h, entra a banda de abertura: Cachorro Grande! (U-huuuuuuuu!). Eu, que já tinha sofrido por uma hora com essa praga no show do Oasis, aguento mais uma hora ouvindo as mesmas músicas e as mesmas frases de um ano atrás. Acho que nem os sete castigos de Deus aos egípcios (vide livro do Êxodo, na Bíblia) seriam tão insuportáveis.

"- Já são quase na hora!", diria meu amigo Ivan mais tarde (acho que são as drogas).

Passado esse momento de júbilo (que foi o final da apresentação deles e um breve intervalo), às 21:37h, entram os caras. Aerosmith está na área; se tentar derrubar, eles não caem, fazem o gol de qualquer jeito. O Steve Tyler parece uma bichosca louca; o Joe Perry, um guitarrista alucinado. O cara tocou com a guitarra nas costas, fez batalha contra o Guitar Hero... o show foi um espetáculo à parte de cada um dos integrantes... hilário! E as músicas... os caras têm todos uns 60 anos, mas ainda tocam e cantam como se tivessem 20.

"Dream on, dream on, dream on
Dream until your dreams come true"

Duas horas e dez minutos de puro rock. Não existe Fresno, NX Zero, Babyshambles ou o caralho dessas bandas novas que chegue aos pés de um grupo como esse. Rock bom mesmo é o rock antigo, por mais saudosista que isso possa parecer.

Depois, a volta. O frio da noite; a impossbilidade de dormir sentado num banco, mesmo cansado; parada pra comer às 4 da manhã; Curitiba às 8 da matina. Foi cansativo, mas realmente valeu a pena!

Isso me faz pensar na tradição que tem o ser humano de passar aos outros e através dos tempos suas idéias, suas histórias, seus sentimentos através da música. Essa traz a transformação sem deixar de conjugar-se com o que é tido por obsoleto; a união de tempos os mais diversos por meio de algo tão aprazível aos ouvidos... deve ser por isso que a música é algo tão cativante e universal... e é por isso, certamente, que fazemos coisas como as que eu narrei acima para vermos um show de rock.

Quarta tem Biquini Cavadão. Ainda bem que é em Curitiba. :P


Poema do dia:

Diga Que Não Sabia

Tome seu remédio
Finja ser feliz
Em meio ao tédio
De quem não pede bis
Por medo, sacrilégio
De não ser por um triz
O principado régio
Que todo mundo quis

Tome suas dores
Finja sofrer muito
Sem pudores
Quando o caso é fortuito
Os planos e esforços
São dados ao seu Deus
Que te pede reforços
E você diz adeus

Jogue fora o caráter, a ideologia
Tenha apenas drogas, dinheiro, camisinhas
E, quando envelhecer, diga que não sabia
Que a vida seria tão mesquinha

Tome mais um copo
Finja ser bem louco
Até o topo
De tudo e mais um pouco
No fundo, ainda é raso
O rio em que 'cê nada
Fazendo pouco caso
Da merda na privada

Cristiano Tulio - 31/05/2010