terça-feira, 1 de junho de 2010

I Don't Want To Miss A Thing

A vida corre; o relógio é impiedoso. Tudo de forma cíclica, por mais que a História nos traga a ilusão de acontecimentos únicos e marcantes.

Entretanto, às vezes, alguns fatos acabam sendo interessantes, de um ponto de vista pessoal. Assim foi o show do Aerosmith a que assisti, no dia 29/05, um sábado de sol e céu limpo, em São Paulo.

Acordei umas 15 para as 6 para chegarmos (eu e meu amigo Ivan) lá às 15 para as 7. Saímos umas 8 da manhã se não me engano (e, como eu odeio acordar cedo, fiquei pensando que podia ter dormido um pouco mais). Durante o caminho, uma estrada mais tortuosa do que o caminho para o Calvário; um almoço caro e a tentativa de dormir com um ônibus apinhado de fans de rock cuzidos (não que eu não seja um deles, mas não quando eu durmo por apenas 3 horas antes de uma viagem).

Depois, a chegada em São Paulo. Quer dizer, não dava para saber exatamente onde era a cidade... nem onde estávamos. Av. Macedo Soares, Av. Pompéia... acho q caímos nessas duas ruas umas 378 vezes... sem contar a infinidade de elevados, abaixados e tantos outros caminhos que sei lá aonde levam. Enfim, 15:30h chegamos ao Estádio Palestra Itália.

Agora, achar o final da fila... quem disse? As filas se misturavam, se digladiavam por espaço ao redor do local! Levamos uns bons 20 minutos (para mais) até acharmos a nossa. Na fila, conhecemos duas mulheres curitibanas (mãe e filha) que nos ajudaram muito ao longo do show.

Às 17:30, finalmente, entramos e escolhemos nossos lugares. Uma boa visão, sem dúvida. Logo, a natureza entrou em cena e a vontade de ir ao banheiro surgiu. Quando chegamos lá, a surpresa: apenas o masculino estava aberto, o que fazia com que as gurias e os piás se revezassem no seu uso. Imagine o que não foi isso ao longo do show (e piorou, pois mulheres entravam no banheiro dos homens sem pudor, mais tarde).

Vamos na espera, decido comprar um pacote de Ruffles. Chegou o vendedor, pedi um, estendi minha nota de 20. O cara apalpa o dinheiro, apalpa, desconfia... me devolve; diz que a nota é falsa (eu, com notas falsas? Era só o que faltava!). O Ivan se oferece pra pagar... o cara pega, olha, passa o dedo... e fica desconfiado (sim, uma quadrilha de falsários curitibanos!), mas leva a nota... e me dá o troco errado. Depois de mais 15 minutos, tudo se resolve.

Lá pelas 20h, entra a banda de abertura: Cachorro Grande! (U-huuuuuuuu!). Eu, que já tinha sofrido por uma hora com essa praga no show do Oasis, aguento mais uma hora ouvindo as mesmas músicas e as mesmas frases de um ano atrás. Acho que nem os sete castigos de Deus aos egípcios (vide livro do Êxodo, na Bíblia) seriam tão insuportáveis.

"- Já são quase na hora!", diria meu amigo Ivan mais tarde (acho que são as drogas).

Passado esse momento de júbilo (que foi o final da apresentação deles e um breve intervalo), às 21:37h, entram os caras. Aerosmith está na área; se tentar derrubar, eles não caem, fazem o gol de qualquer jeito. O Steve Tyler parece uma bichosca louca; o Joe Perry, um guitarrista alucinado. O cara tocou com a guitarra nas costas, fez batalha contra o Guitar Hero... o show foi um espetáculo à parte de cada um dos integrantes... hilário! E as músicas... os caras têm todos uns 60 anos, mas ainda tocam e cantam como se tivessem 20.

"Dream on, dream on, dream on
Dream until your dreams come true"

Duas horas e dez minutos de puro rock. Não existe Fresno, NX Zero, Babyshambles ou o caralho dessas bandas novas que chegue aos pés de um grupo como esse. Rock bom mesmo é o rock antigo, por mais saudosista que isso possa parecer.

Depois, a volta. O frio da noite; a impossbilidade de dormir sentado num banco, mesmo cansado; parada pra comer às 4 da manhã; Curitiba às 8 da matina. Foi cansativo, mas realmente valeu a pena!

Isso me faz pensar na tradição que tem o ser humano de passar aos outros e através dos tempos suas idéias, suas histórias, seus sentimentos através da música. Essa traz a transformação sem deixar de conjugar-se com o que é tido por obsoleto; a união de tempos os mais diversos por meio de algo tão aprazível aos ouvidos... deve ser por isso que a música é algo tão cativante e universal... e é por isso, certamente, que fazemos coisas como as que eu narrei acima para vermos um show de rock.

Quarta tem Biquini Cavadão. Ainda bem que é em Curitiba. :P


Poema do dia:

Diga Que Não Sabia

Tome seu remédio
Finja ser feliz
Em meio ao tédio
De quem não pede bis
Por medo, sacrilégio
De não ser por um triz
O principado régio
Que todo mundo quis

Tome suas dores
Finja sofrer muito
Sem pudores
Quando o caso é fortuito
Os planos e esforços
São dados ao seu Deus
Que te pede reforços
E você diz adeus

Jogue fora o caráter, a ideologia
Tenha apenas drogas, dinheiro, camisinhas
E, quando envelhecer, diga que não sabia
Que a vida seria tão mesquinha

Tome mais um copo
Finja ser bem louco
Até o topo
De tudo e mais um pouco
No fundo, ainda é raso
O rio em que 'cê nada
Fazendo pouco caso
Da merda na privada

Cristiano Tulio - 31/05/2010

3 comentários:

  1. isso aê que é rock!
    e bora ver Biquini...

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  2. HAHAHA,Show marcado pelo resto da vida, o melhor do rock sem duvidas, nem o preço do almoço, a fila grande para entrada no local, o preço do doritos, nao aceitar as notas de curitiba, e ver cachorro grande, impediram de se transformar no melhor show da minha vida ! AEROSMITH ! :D
    PS: "- Já são quase na hora!" eu tava nervoso! xD

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  3. HAHAHA, pelo jeito esse dia rendeu bastante.
    Bom, eu tenho experiências com shows fora da cidade, e sei a fadiga, exaustão ou seja lá como quiser chamar, que isso causa.
    Mas o pensamento de "valeu a pena", vale a pena!
    hahaha
    Abraço!

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