domingo, 12 de dezembro de 2010

Estudo Errado

Pois é. Pensei em trezentos assuntos sobre os quais poderia dissertar hoje. Fome na África, guerras religiosas, etc.. Afinal, a escolha acabou recaindo sobre a reaplicação da prova do Enem e as decisões jurídicas a ela correlatas.

Apenas para situar os leitores: a prova será reaplicada, para alguns alunos, devido a erros de impressão e de organização. A data do novo certame será 15 de dezembro, uma quarta-feira.

A Defensoria Pública do RJ entrou com uma ação objetivando a suspensão dessa nova realização do exame, visto que: a) por ser meio de semana, comprometerá quem labora (embora exista previsão, na CLT, de falta justificada em caso de prestação de exame para ingresso em instituição de ensino superior), e; b) coincidirá com datas de outros vestibulares importantes, como o ITA.

O pedido liminar foi negado, visto que já existem outras ações nesse sentido, bem como, segundo o juízo, os alunos poderiam apresentar nota justificante no serviço.

Por outro lado, o Inep admite que estudantes que não precisariam refazer a prova estão sendo convocados; assim, pede que estes desconsiderem o convite. Ademais, o ministrao Haddad repete para quem quiser ouvir que o número de prejudicados é baixo, se comparado com o total de examinandos.

Ok, pintei o quadro. Surrealista tal Dalí; rídiculo como o jeitinho brasileiro (porque essas decisões furadas e argumentos incipientes só podem resultado disso).

Primeiro lugar: o número de prejudicados não se restringe, como quer o governo, àqueles que tiveram problemas com suas provas. Essa lógica é estritamente equivocada se considerarmos que o exame se presta ao ingresso de um universo indeterminado de estudantes em instituições públicas de ensino superior. Ou seja, todos fazem a prova disputando um lugar nos bancos universitários gratuitos e, para isso, devem gozar de condições iguais para tal. Devem ser tratados igualmente! O refazimento do teste vai acabar beneficiando - indevidamente, diga-se de passagem - esses prejudicados, colocando-os novamente em situação de desnível em relação aos demais. Só que agora, em desnível positivo. Não resolve o problema, apenas inverte o lado da balança!!! Falando em linguagem jurídica, malfere frontalmente o princípio constitucional da isonomia.

Segundo lugar: não obstante isso, o consórcio organizador é tão parcamente organizado que permitiu nova prestação do exame a pessoas que nem prejudicadas foram! Aí o erro acima apontado se torna pior, visto que gera uma dupla injustiça: beneficia quem foi e quem não foi prejudicado. É praticamente um bis in idem (ou uma aplicação dupla de algo que gera vantagem ou desvantagem)! Isso do Inep pedir aos indevidamente convocados que não compareçam só pode ser piada! Há quem aproveite a nova chance, já turbinado pelos últimos vestibulares feitos e pelos cursinhos preparatórios ainda em funcionamento. Será uma nova oportunidade para poucos.

Terceiro lugar: prova no meio de semana, junto com outros vestibulares? Parem tudo! No intuito de compensar, acaba prejudicando em outro aspecto! Sem comentários... a atitude do governo/Inep é absolutamente inconstitucional, pois simplesmente fere o interesse público e visa, em última análise, o fim do Estado em si, sem considerar o interesse dos administrados e, mais especificamente, dos alunos prejudicados... ou seja: todos!

"All we are is just another brick in the wall"

Vamos aos causos:


Causos do transporte coletivo:

I

Dia 07/12/10, Term. Maracanã. Lá pelas 15:00h, percebi que um dos veículos, o HL109, da linha Colombo/CIC, não tinha chegado. Ficara pelo caminho, pois quebrou. Anotei isso, resolvi os problemas e fui para o Term. Sta. Cândida no final do expediente.
Depois que terminei o que tinha que fazer, resolvi pegar um Sta. Cândida/Pinheirinho para voltar ao Cabral e, de lá, ir embora. Mal subi no veículo (que já estava cheio de gente), o vigilante, a pedido do meu colega de posto, anunciou, às 18:20h: "Esse ônibus vai recolher pessoal!"
Perguntei ao motorista por quê. Ele explicou que a porta estava abrindo sozinha e além disso, tinha saído atrasado da garagem. Só aí fui olhar o prefixo do carro: HL109.

II

Term. Maracanã, dia 10/12, sexta. Anotava eu os horários de chegada dos carros quando, às 14:56h, o 18R31 e o 18R34, ambos ônibus da linha Cabral/Guaraituba, modelos idênticos, chegaram ao mesmo tempo ao terminal. Deu-se, então, uma cena impressionante: como se fosse um espelho, cada um chegou ao seu lugar no mesmo exato segundo, em lados diametralmente opostos; era como se fosse uma tela totalmente invertida. Acho que nem se fosse combinado daria tão certo.

III

Term. Cabral, mesmo dia 10, às 18:23h. Voltava para casa depois de um dia estafante de serviço quando, pouco antes de subir no carro, duas mulheres me perguntaram:

- Onde fica o ponto de táxi?
- Tem um ali logo na esquina... vocês vão até ali atrás do Terminal e logo atravessam a rua...
- Sim, mas tem que dar a volta no Terminal?
- Não necessariamente... vocês saíram dele?
- Não, a gente nem entramos no terminal...
- Ah... tudo bem, pe ali na esquina mesmo... vocês vão chegar lá e já vão ver o ponto.
- Ok, obrigada.

Aaaaaaaaaaaaaaaaaarrrrrrrrrrggggggggggggghhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!


Poema do dia:


Lápide Popular

Veio por meio de contrato
Sem fato, sem ato
Invenção da legitimação
Legado do e pro Estado
Usar e abusar
Onde fomos parar?

Cristiano Tulio - 13/12/2010