quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mentiras

Amigos leitores... continuemos com o tema eleições, e dissertemos sobre as pesquisas de intenção de voto.

Não sei como têm sido no restante do país; contudo, no Município de Curitiba, as pesquisas divulgadas indicavam um percentual bem diverso daquele que se verificou quando da apuração das urnas. O que houve?

Basta observar as denúncias relatadas por vários usuários de internet nas redes sociais, bem como em blogs e afins: a compra das pesquisas. Fotos com entrevistadores que abordavam cabos eleitorais deste ou daquele candidato, denúncia de manipulação nos métodos empregados pelos institutos de pesquisa em prol deste ou daquele elegível... isso revela uma lista bastante extensa de fragilidades que acometem nosso processo eleitoral.

Uma delas é a capacidade financeira dos partidos, bastante deturpada ante a possibilidade de doações de entes privados físicos ou jurídicos. Ainda que haja limite à captação de recursos, estes são bem elásticos, o que termina por influenciar bastante no resultado de um escrutínio.

Outrossim, a mais contundente é a influência que tais estatísticas proporcionam no imaginário do eleitorado. É claro que isso é bastante útil num caso de "guerra política", quando o objetivo é derrubar do pedestal um grupo político a que o povo já não mais rende homenagens.

Por outro lado, a simples divulgação de dados quantitativos origina um clima de "competição", o que termina por dar um caráter de "utilidade" ao voto. Em outras palavras: "voto no candidato x porque, caso contrário, perderei meu voto".

Numa democracia realmente pura, essa figura é impossível, senão risível. O voto é expressão, e a expressão deve vir livre de induções subconscientes. Uma pesquisa em que elegível x ou y está na frente, com maior intenção de votos, termina por influenciar negativamente o eleitorado, de forma a chamar votos de pessoas que se convencem em votar não no candidato real de sua preferência, mas, sim, no candidato que tem chance de afrontar o outro candidato bem colocado.

Imaginem, então, em uma divulgação de pesquisa após pesquisa, sendo algumas de credibilidade duvidosa... mostrou-se, nessa primeira etapa das eleições para alcaide da cidade, que várias delas apontavam números pra lá de enganosos. E que influenciaram, ainda assim, muita gente.

Ainda há muito que se caminhar para alcançarmos um sistema político de excelência.


Causos do Transporte Coletivo

I

Dia 26/06/12, Term. Campina do Siqueira, 16:27h. Logo depois de orientar uma usuária, envio o seguinte SMS a um colega meu:

- Acabei de descobrir que o Inter 2 também passa em Campinas.

Ao que ele respondeu:

- Ele vai pela Rodoviária da Uva, dá a volta em Cornélio Procópio, passa em Guaratuba, em Campinas e volta pro Cabral.

- Tudo isso em menos de 2 horas!

- Só não passa no inferno porque o capeta não quis integrar!

Campinas... a diferença que um plural não faz na quilometragem de uma linha...

II

Outra que um colega me mandou às 17:12h do dia 04/07/2012, quando eu estava no Campo Comprido:

1) usuário: - O Abranches de 16:13h já passou?
    fiscal: - Não, tá uns 25 minutos atrasado (cara de bunda pra simpatizar)
    usuário: - Ah tá, então beleza... melhor atrasado que adiantado!
    fiscal:  - Ahn?

2) usuário: - O Abranches de 16:50h saiu adiantado?
    fiscal: - Não, tá uns 15 minutos atrasado... :/   
    usuário: - Ah beleza então! (fez joinha com a mão)
    fiscal:  - Ahn???

Passageiro é uma raça meio louca... masoquista, eu diria.

III

Dia 18/07, Term. C. Comprido de novo. Chega-me o texto abaixo via celular:

"Quando foi a última vez que a Luz trocou um Interbairros a pedido da fiscalização? A CCO sempre diz que não tem carro ou operador. Mas, hoje, a propaganda da prefeitura foi proibida, e tem que avisar a CCO dos carros que ainda estão com as mesmas no vidro traseiro... aí a Luz conseguiu trocar rapidinho o tabela 13 deles."





Isso me lembra aquela entrevista de um diretor da Urbs à Gazeta do Povo: "Existem empresas boas e empresas ruins... temos que dar tempo para que todas se adaptem ao sistema". Precisa dizer mais alguma coisa?

IV

Pra fechar a noite: data de 19/07 do ano corrente, mesmo terminal. Mais um SMS:

"A melhor de todos os tempos, e tinha que vir da RM... reclamação do 156: "Reclama que funcionários da Urbs colocam cartazes de emprego com atraso, o que faz com que ele perca oportunidades". Logradouro, Term. Cachoeira. Pra acabar mesmo, até disso agora vão reclamar".

Falta de outras coisas pra reclamar... sem contar que isso não é serviço de fiscal, mas...


Poema do dia:

Starts Over Always On You

Streets open wide, clear skies above
But without you nothing seems so right
Warm and cozy sunshine calling for love
And without you there'll never be light

Children playing 'round, flowers in bloom
But without you there's no face to smile
I am lying down, resting at my bedroom
But without you, I can't rest at any time

They say I'm fool for believing
But I keep waiting for you here

'Cos, in the end, it starts over always on you

Girls coming over, asking for my name
And without you, it's like I don't have it
Feasts ever going on, bliss is on the way
But without you, no good feeling can fit

Cristiano Tulio - 09/08/2012

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Road To Nowhere

Olá, caros e raros leitores (haha!). Eis-me aqui para rabiscar algumas abobrinhas, contas histórias e postar um poema. O tema hoje é política, especificamente a corrida para a prefeitura de Curitiba.

Não, não farei campanha em prol de qualquer dos candidatos a alcaide dessa capital.

Porém, é curioso ver como uma cidade que, em tempos pretéritos, estava meio que fora do mapa político do país, ser disputada por vários partidos na presente eleição. Digo isso pois, em tempos não muito remotos, a disputa girava em torno de constelações lideradas por PT e PSDB ou PMDB. Dois partidos disputando a prefeitura, os demais sendo saco de pancadas. Política de Município do interior.

Entrementes, nesse processo eleitoral, a cidade ganhou candidatos de peso. Quatro coligações disputam o poder da "capital européia" - a mesma que era monopolizada pela "extrema direita", com oposição da "extrema esquerda", por assim dizer. Virou a jóia do Sul.

E está abandonada. Uma cidade de mente interiorana com problemas de metrópole. Trincheiras não são construídas porque o Ippuc as considera esteticamente repugnantes. Semáforos não são sincronizados, vias rápidas são tão rápidas quanto as arteriais normais. Segurança é problema crônico, saúde e educação também.

Em verdade, Curitiba corre o risco de ruir sobre si mesma. Uma estrela gigante que não vai aguentar seu próprio peso e vai se tornar um buraco negro. Não só faltam programas governamentais de alcance, mas a população é inerte. Não exige, não vai atrás. Não tem mais educação - no sentido mais lato que se possa imaginar - nem vontade. Conformismo, ilusão, cegueira.

Qualquer que seja o dirigente da capital no próximo quadriênio, terá o enorme desafio de administrar uma cidade inchada, ferida e largada à própria sorte. Se não possuir a habilidade necessária para tanto, com certeza viverá para ver as coisas fugirem do controle bem debaixo de suas mãos. A marionete cria vida própria, e o Estado normatizador não consegue mais atender aos anseios coletivos e individuais.

E nenhum dos candidatos parece figurar em sua condição com propriedade. Então, seja o que o povo quiser.


Causos do Transporte Coletivo:

I

Dia 24/04 do ano corrente. 14:36h, Term. Cabral. Recebo a seguinte mensagem de um colega meu, escalado no Sta. Cândida: "Conhece alguma agência do Banco Banestado? Diz que tem uma no Sta. Cândida! Povo perdido, nem sabe que é "Grogromerado" Bamerindus e não Banco Banestado."

O tempo passa, o tempo voa...

II

No mesmo dia supracitado, às 14:40h, chega outra mensagem, agora de uma colega que estava no Campina do Siqueira: "Para o seu blog:

- Como faço para ir para Bacaxoeirinha?
- Cachoeira? (Explicação)... e depois você chega ao Term. Cachoeira.
- Não, é no Bacaxoeirinha. Nos quartéis.

Daqui a pouco vai falar com você. Se conseguir chegar, hehe."

Jamais chegou. Acredito que não chegou a lugar nenhum, inclusive.

III

Ainda na mesma jornada, às 15:15h, chega outra missiva do Sta. Cândida, curta e grossa: "Conhece Araraucária?"

Fica perto de Coronel Vivida, creio. Ou do Parque Nacional do Iguaçu.

IV

Dia 26/04, ainda no Term. Cabral. Outro sinal de fumaça do Term. Sta Cândida, às 13:18h: "Ontem mandaram o BE700 pra trocar o BD129 que estava atrasado. Parou no embarque, não fechava a porta 3; abriu as portas para desembarcar os passageiros, não fechou a porta 4 também. Saiu da plataforma depois de muito sacrifício, fechou a porta 3 e abriu a porta 5 - tudo sozinho -; andou um pouco, fechou a porta 4 e abriu a porta 3. Parecia coisa dos Trapalhões."

E era. Dos trapalhões que compraram essas m&%#@$ de ônibus.

V

...e vocês podem observar que a semana foi prolífica em relação às panaquices. Dia 27/04, às 14:09h, o Sta. Cândida me presenteia com mais uma:

"Passageira desgraçada: - Onde que eu pego pro Bairro Alto?
Fiscalzinho: - Ali, no ponto do B. Alto (apontando para o ponto).
P. D.: - Ali, onde está escrito Bairro Alto?

Tem que fazer força pra não responder a uma criatura dessa"

Eu nem faço força, respondo mesmo. Dane-se.

VI

Dia 31/05/12. O assunto era o repasse de 64 milhões de reais que o governo do Estado do Paraná faria à Urbs por conta - segundo dizem - do prejuízo operacional que a integração à RMC causa. De repente, um colega meu manda a seguinte: "Duas semanas seguidas com o verso do relatório impresso! Já sei pra onde vão os 64 milhões!"

Bom se fosse... bom se fosse!


Poema do dia:

Seed

Done, you thought
Gone, a lot
Lonely spot
Where you're caught

Songs of love
Just above
Like a dove
In hands with gloves

Could break through it?
And could you still fit
At the same world
'Til you got old?

What do you need?
A hand to stop your heart from bleeding
Or to the top as you're still breathing?
So will you keep or plant that seed?

Tongue of stone
From the throne
Come along
The earnest words

Cristiano Tulio - 26/06/2012

segunda-feira, 16 de julho de 2012

We Take Care Of Our Own

Olá, leitores. Começando a dissertação de hoje, abordo o tema "greve de estudantes".

Sempre que eu manifesto contrariedade a movimentos intitulados "greves estudantis", surgem algumas pessoas vanguardistas, moderninhas, ou qualquer coisa que o valha, para dizer que estou errado e, elas, como sempre, certas. Não que isso me incomode, exatamente... porém, é interessante mostrar o outro lado da moeda (diria eu que a cara, e não a coroa).

Pois bem, comecemos com a definição jurídica de greve... pela Lei Federal nº 7.783/89, art 2°, é "a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação de serviços pessoais a empregador". Em outras palavras, greve é situação que se aplica apenas a condições trabalhistas.

Ok, muito formal. Vamos ao léxico. Encontrei, em um dicionário online, a seguinte definição: "Conluio de operários, de estudantes, de funcionários, etc., que recusam trabalhar, ou comparecer aonde os chama o dever, enquanto lhes não atendam certas reclamações." Aí, é claro, existe uma gama de situações a que se pode aludir com a palavra greve (greve de serviço, greve de sexo, etc.).

Entretanto, nesse ponto, sou obrigado a usar da lógica: uma greve é uma situação em que pessoas que têm interesses contrapostos a outras páram de realizar alguma atividade que prejudique essas últimas, de forma a pressioná-las para que analisem ou atendam a reivindicações atinentes a esses interesses. Traduzem-se, normalmente, em melhorias de condições, ou mudanças de situações estabelecidas em desfavor do grupo paralisado.

Assim, temos que aqueles que fazem greve - qualquer que seja ela - tencionam prejudicar, de certa forma, aqueles a quem estão submetidos ou conexos, para que estes concedam o que aqueles querem. In exempli: o empregado pára de trabalhar, dando prejuízo ao empregador; a mulher corta o coito com o homem porque este não a trata bem; o professor pára de dar aulas e prejudica à universidade e ao aluno. Em outros termos, a ação do grevista causa prejuízo alheio.

Tomada a singeleza do argumento, pergunta-se: qual é o prejuízo alheio que o estudante inflige ao parar de estudar, ao recusar-se a comparecer a uma aula? Contando com a verdade nua e crua, desprovida de enfeites e frases de efeito, vejamos... a universidade nada perde, apenas deixa de ministrar aulas. Os professores, idem. Afinal, em ultima ratio, com a greve estudantil, o único que perde é o próprio aluno. Isso porque estudar, capacitar-se, aprender, é de seu exclusivo interesse. Ele é quem deve procurar a completude (ou a maximização, sendo esta última impossível na prática) de sua formação. Não é um dever que o chama; é seu próprio interesse que o leva a estudar e a formar-se para contribuir com a sociedade em que vive. É um direito, sim, mas o direito é exercido por aquele que o pleiteia.

Historicamente, temos que os discípulos sempre seguiram seus mestres; pagavam para deles adquirir o conhecimento. Governantes foram educados por filósofos (aí sim pode-se falar em dever, mas uma espécie de dever cívico) e alguns deles tinham sede de saber, e aplicaram aquilo que aprenderam em seus governos. Por outro lado, nunca se viu alguém que perseguia alunos para ensinar, ou obrigava-os a ter conhecimento.

Já hodiernamente, o Estado foi dotado de uma função paternalista ou assistencialista intensa...  em outras palavras, todos devem estudar. Claro, isso faz parte da estrutura social atual, onde quem quer "vencer na vida" deve preparar-se para o mercado; em parte, uma espécie de "dever". Contudo, essa preparação pode ser melhor ou pior dependendo do interesse do preparando; e aí vem a vontade dele de aprender ou não. Por isso, quando ouço a frase de que o estudante devia "ganhar pra estudar", acho descabida e infeliz.

Voltando ao Estado-mãe... todos então têm que receber educação. Claro, concordo. Mas não se pode enfiar goela abaixo de todos a educação. Alguns não vão recebê-la, nem querem isso. Alguns fogem ao método tradicional, não se adaptam. É uma coisa que deve ser oportunizada da melhor forma possível... deve ser disponibilizada. Porém, existe uma visão invertida de que, se o estudante não se interessa, o Estado é culpado e deve reparar ou prover isso! But how?¹

Ainda, existe essa cultura mainstream de que toda idéia nova é idéia boa. Quem não segue a idéia vanguardista padrão é "preconceituoso, velho, desatualizado". Pergunto-me que pessoas são essas que discutem idéias do século XIX em pleno século XXI e ainda dizem isso... (Capitalismo x Socialismo? Algúem?)

O que eu quero dizer, por fim, é que o movimento estudantil por melhorias é válido, inválido é o método greve. Existem outras maneiras de pugnar por melhorias: protestos, passeatas, boicotes a eventos de pompa. Formas inteligentes de luta. A "greve estudantil" é como interpor uma apelação quando o juiz abre prazo para a contestação, para os advogados. Ou, para os engenheiros, resolver uma derivada usando a fórmula de integral. E aí seguem os exemplos...

O instrumento está errado. A greve, se "bancada" pelo governo ou pela universidade, vai prejudicar unicamente aos alunos. É utópico pensar de outra forma. E... se nenhum dos argumentos acima pode ser tomado como relevante, tenho um último, de ordem financeira: você já viu algum estudante de faculdade particular fazendo greve?


Causos do Transporte Coletivo

I

Primeiro dia de Agosto de 2011. Enquanto trabalhava, recebi a seguinte mensagem de um colega meu: "RO 74220. Veículo operando sem a placa lateral. Conforme operadores, a placa era menor do que o suporte e caiu na rua durante o caminho."

Vê se não é coisa de gente esperta isso...

II

Três dias depois, em 04/08 do ano pretérito, eu e alguns colegas discutíamos sobre como seria a operação dos novos biarticulados em lugares como a Pç. Eufrásio Correia, em que eles realizam o desembarque um atrás do outro. Um deles me enviou a seguinte mensagem, às 16:00h: "Os novos bi's vão demorar um pouco pra entrar em operação porque, por incrível que pareça, quando você deixa eles maiores eles ocupam mais espaço. Não cabe dois no Eufrásio, e os cabeças não sabem o que fazer!"

Gente esperta, level 2.

III

Dia 14/08/2011, Term. Sta. Cândida. Trabalhava eu ali quando um usuário me perguntou onde que pegava o "Califórnia/Bradesco" (causo que eu já contei aqui). Comentei o incidente com dois colegas, perguntando onde é que eu tomava ônibus dessa linha, os quais me responderam da seguinte forma:

Colega 1, 14:30h: "Esse passa, normalmente, 5 pra daqui um pouco! Povo é foda, já tinham me perguntado onde fica o Conglomerado HSBC, Bradesco é novo!"

Colega 2, 17:23h: "Acabou de sair sentido Bamerindus."

Afinal, "é tudo banco" mesmo!

IV

Dia 24/02 do ano corrente. Estava eu no Passe Escolar, afastado do mundo da fiscalização. Mas sempre há alguém para trazer as notícias dessa outra dimensão. Às 16:01h, um dos meus colegas me manda SMS questionando: "Você que sabe das coisas, conhece o Grogromerado Banestado?"

Quando que vão aprender o nome dessa merda de lugar???

V

Dia 01/03/12, 15:19h. Ainda no atendimento do Passe Escolar, recebo a seguinte mensagem desse mesmo colega que me mandou a acima transcrita: "Para comemorar minhas férias, vou mandar um informativo questionando a capacidade operacional da Sto. Antônio amanhã. Não sei como eles conseguem ficar cada vez piores".

Modo estranho de comemorar uma folga... porém, assinei embaixo.

VI

Dia 26/03/2012. Era meu último dia de passe escolar, visto que requereram o retorno antecipado dos fiscais que nele trabalharam. Nisso, esse mesmo colega acima citado, o qual laborava no Term. Sta. Cândida no dia, enviou-me, às 16:10h, a seguinte missiva: "Bota fé que roubaram os avisos de emprego antes de eu colar hoje? Estava colando, chegou um comboio, fui atender e deixei no chão ainda grampeados os avisos. Quando voltei, kafuf, virou fumaça! Vê se pode até aviso de emprego nego rouba!"

Eu não ia ligar nada. Odeio colar cartazes mesmo... podiam roubar toda a vez em que eu tivesse que fazer esse serviço medíocre...

VII

Dia 12/04. Mais uma mensagem desse meu colega, o qual então trabalhava no Term. Maracanã, às 15:17h: "Segue parte da reclamação dos colombenses, como veio pra mim: "...os motoristas fazem sempre 2 a trez viagem para o Adriane, deixando a linha do Ana Terra a mercês..."

Não sei nem como comentar essa infelicidade.


Poema do dia:

Mercy

Run to the alley, hide from the world
Live with the fears that wait for you to die
Gun at your head, this lack of bold
Will cost you so much, you can't pay the price

This is you traveling through the days
This is you trembling around the ways

Is it too much for you?
Life just doesn't have mercy
Waiting for something new?
But you can't tell what is fancy
From what you have ever known

Run from the rain, dread the thunder
Where are the reasons for you to stand here?
Strenght at your teeth, you're so under
That no one there can see any of your tears

Cristiano Tulio - 20/04/2012


¹ Maroon 5 - How.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Dig In

Olá novamente, pessoal. Aqui novamente para (tentar) retomar a linha de pensamento congelada no último post.

Como dizia eu, isso leva à... padronização de manifestações de sentimentos, de condutas. As pessoas começaram a deixar de expressar o que pensam com as próprias palavras, mas, sim, servindo-se de textos tidos como verdadeiras lições de vida, de moral, de esperteza (e que, perdoem-me, estão quase sempre muitíssimo longe de sê-lo).

Em termos diversos, existe, hoje, uma uniformização do "raciocínio": fórmulas prontas que, muitas vezes, acabam alienando os seus portadores. Traduzem-se, muitas vezes, em formulações simplicíssimas de frases de efeito sobre temas que provocam paixão, e que terminam por serem ecoadas pelos quatro cantos da internet. Exemplos: corrupção, religião, relacionamentos (incluindo caráter, traição, rejeição, etc.).

Daí caímos na velha máxima: as pessoas querem se fazer diferentes e, ao final, se tornam iguais. Óbvio: utilizam-se dos mesmos expedientes para manifestar opiniões semelhantes. Tome-se como exemplo o Facebook: quantas pessoas você conhece que manifestam-se acerca de um assunto de forma coerente e, acima de tudo, PRÓPRIA?

Assim, estamos fadados à imersão num oceano de modelos prontos, de ações globalizadas, de pensamento conforme. Até quando?


Causos do Transporte Coletivo

I

Dia 31/05, Term. Cabral, 13:16h. Ia a tarde tranquila quando, de repente, observo uma menina meio que rebolando no ponto do Cabral/Osório. Faceira, fones no ouvido, ia lá dançando e, a certa altura, começou realmente a sapatear no ponto. Mandei pro meu colega o seguinte SMS:

"Tem uma menina sapateando no ponto do Quebraozóio. Parece o Happy Feet."

Ao que ele respondeu:

"Nessas horas é que as câmeras da Socicam tinham que estar funcionando!"

 II

07/08/2011. Enquanto trabalhava, não lembro onde (se não me engano, no Sta. Cândida), chegou-me, de outro colega meu, a seguinte mensagem, às 14:17h:

"Me diz uma coisa, onde pega o ônibus Weisócrates?"

Deve ter alguém tomando cicuta em Weissópolis.

III

16/08/2011. Recebo outra mensagem de um colega, dessa vez perguntando:

"Pç. do Expediário, conhece?"

Conheço, mistura de expedição com estagiário. Uma homenagem aos primeiros carregadores de malas - como essa que perguntou.

IV

Dia 16/01/2012. Se não me engano, eu estava laborando no Term. Cabral, de novo. Meu colega manda uma sequência de mensagens espetacular, pouco depois das 13:00h:

"Já viu motorista ficar preso na porta do próprio ônibus? Acabei de ver... Deus castiga mesmo."

Ao que eu perguntei o que havia acontecido. Veio o seguinte:

"Sei lá o que que o animal queria fazer, mas prendeu a mão pra fora da porta do bi, e não alcançava o botão para abrir a porta. Ficou um tempo parado até eu e o porteiro percebermos."

Já perguntei quem era, ele me enviou:

"BD129, um gordinho... tinha que ser."

Gordinho, magrinho, sei lá... sei que até agora estou tentando imaginar como o animal conseguiu essa façanha. Nem se fizesse de propósito conseguiria!

V

No dia posterior, mesmo posto, esse mesmo amigo me narra uma outra história, às 13:42h:

"Motorista: - Posso pegar água?
Fiscalzinho: - Não tem copo aqui.

*Motorista olha para os lados*

- Ah!

*Pega a garrafa de água do fiscalzinho*

- Resolvido o problema!

Não sei se é pior pegar a garrafa ou me devolver achando que vou usar ainda..."

Pra que complicar, né?

VI

Nesse mesmo dia (17/01), ainda no falido Sta. Cândida, aconteceu que...

"Não bastando, veio uma usuária:

- Que horas são?
- 13:35h
- Sacanagem! O Califórnia saiu exatamente no horário!

Nem era uma "véia" do capeta..."

Assim como o eremita no deserto, o fiscal no Term. Sta. Cândida é constantemente testado pelo... "tebra".

VII

Mais uma mensagem... dia 17/02/2012, me parece que foi às 12:40h, no Term. Cabral:

"Essa é boa:

- Como é que eu faço pra pegar um ônibus aqui pra fazer coligação na Rui Barbosa?"

Desce lá perto com o Colombo/CIC, se coliga com o PT e vai fazer parte do mensalão, sua anta!


Poema do dia:


Can You See The Signs?

Night and day, so they say
For me, it's the same
The blue skies hide the stars
For me, it's not a shame

Cos every thing will come
At the right time to show

So, can you see the signs?
They are like a map
Where we must find
The kingdom where we reign
And, also, vassals
Only you and I

Day and night, is it right
If we blend the halves?
The bug sun burns the eyes
That try to see so far

Cos any thing will show
At the right time to come

Cristiano Tulio - 08/05/2012

sábado, 28 de abril de 2012

9 To 5

Caros leitores... hoje, não tenho qualquer idéia do que escrever como texto para reflexão. Passemos, então, diretamente aos causos do transporte, visto que o dia inteiro de ontem merece ser reproduzido aqui. 


Causos do Transporte Coletivo:

Hoje, em vez de contar "causos" esparsos, contarei como é trabalhar numa sexta-feira no Terminal Cabral:

I

Sexta-feira, 27/04, Terminal do Cabral. Véspera de feriado, folga de 4 dias pro fiscalzinho (uma dupla e uma compensatória, além da sorte de não trabalhar no feriado); tudo o que há para ser feito é preencher uma lista com horários e se mandar, cumprindo 6 horas de jornada.

O para-lamas do final de semana costuma ser movimentado, mas, vá lá, coisas à toa.

Isso era o que ele pensava.

Mal acabou de sentar-se na cadeira da guarita, após 30 minutos de intenso (!) labor, é chamado pela CCO:

- O DB300, tabela 01 do Interbairros II Anti-Horário, vai trocar aí no Cabral às 12:38h. Você pode me avisar que carro vai entrar aí?

- Ok!

Chegou 12:38h, não vieram nem o carro, nem a troca... logo mais, 12:45h, eis que surge o temido DB300; o "motora" pára antes do ponto e começa a esvaziar o carro... cheguei nele:

- Vai trocar, né?
- Sim, mas só na garagem! Não tem ninguém pra trazer o carro até aqui, vamos pegar de lá mesmo e depois começamos em algum Terminal aí!

Foram começar só uns 40 minutos depois, no Term. do Capão Raso.

"Tudo bem, acontece...", pensou o fiscal. Não, era só o começo. Logo mais, às 13:20h, uma senhora saída sei lá de onde (traduzindo, do Colombo/CIC, sentido CIC) veio até a guarita e me abordou (e dessa história tenho uma testemunha, que certamente vai rir quando ler):

- Moço, eu vim no Colombo/CIC que acabou de sair daqui... viu, o motorista não fez nada, que eu vim com ele e ele veio dirigindo tudo certinho, fazendo as curvas certinho, não tenho queixa nenhuma dele; mas ali na Estrada da Ribeira tava ele e um caminhão, o caminhão não dava espaço pra ele passar mas o motorista não teve culpa, ficou esperando... aí o caminhão ficou tentando sair de onde ele tava, não conseguia, o ônibus também não (pegou um jornal que estava em cima da mesa, começou a representar com ele e a outra mão)... eles foram andando assim, um na frente do outro, até que o motorista conseguiu passar o caminhão...

Enquanto isso, ele preenchia o relatório do dia anterior e ia assentindo com a cabeça: - Ahan, sei...

...e ele ficou na frente do caminhão, assim (mostrou com o jornal e a mão), e não foi fechando, nada, foi normal, e assim foi... até que chegou aqui no Terminal (do Cabral), o motorista do caminhão era um negão... ah, mas eu não tou falando "negão" por preconceito né, meu marido era negão, falo por costume, enfim, você entende... ele chegou, abriu a janelinha e falou pro motorista que ia perseguir ele até o final da vida, mas ele nem fez nada, o coitado, o motorista era um piá jovem, bem afeiçoado (?), nem teve culpa... o negão falou pra ele que ia perseguir ele, e eu conheço esse negão, ele era amigo do meu finado marido [o outro negão], fazia parte do clube de motociclistas... e você sabe que esse pessoal do clube de motociclistas persegue mesmo né... então, eu só não espero o motorista voltar porque tenho uma consulta no dentista lá do Centro, mas na volta eu passo aqui e vejo o que aconteceu... você não tem como avisar alguém, ele, sei lá?...

Sei que a conversa foi assim durante uns belos 15 minutos, sem pé, nem cabeça, nem ar nos pulmões da "véia". No final, o fiscal se comprometeu a enviar uma mensagem a quem estava no posto (ou seja, ninguém, visto que só aparece fiscal lá depois das 15h por conta da escala) e tentar descobrir que motorista que era (nem o número do carro ela sabia). Ficou por isso mesmo, nem ela voltou mais tarde. Se voltou, nem foi vista.

Logo mais, o fiscal se apercebeu de que a linha Guaraituba/Cabral alimentadora estava uma zona. A tabela 01 estava atrasada; a 02 - 18R59 - também, fazia às 13:51h, chegou com a 03, às 14:05h. Suprimiu a viagem e ordenou que o motorista da 02 recomeçasse do Term. Guaraituba, às 14:25h . Mais tarde, passados 2/3 do expediente, viria a notar que a 01 atrasara 25 minutos, a 02 atrasara outros 10 de novo, e assim sequencial e infernalmente. Ficou do jeito que estava.

Após isso, as coisas até que se ajeitaram. A calmaria no Mare Atlanticum reinou durante exatos 55 minutos. Pouco antes disso, o fiscalzinho receberia, por rádio, de vários operadores, os atrasos de 3 ônibus para serem corrigidos. Isso seria normal...

...se não fosse o caso de chegarem dois deles ao mesmo tempo. Dizem que, após a tempestade, vem a  bonança, e após a bonança vem o ciclone extratropical: às 15:06h, o BN403, da linha Solar, resolveu não sair do lugar quando eu me posicionei pra receber os carros atrasados - quais sejam, HB601, Interbairros II Horário; e BB601 e BB600, Interbairros II Anti-Horário. Notou-se que o motorista tentou  - em vão - fazer o carro sair do lugar; o freio-de-mão "manequinho" não destravava o veículo. Logo, o fiscal palestrou brevemente com o motorista, determinou o recolhimento e pegou a ficha do ônibus na mão. Nisso, chegou o HB601, às 15:14h, com 15 minutos de atraso, junto do AB600, da tabela seguinte. O fiscalzinho falou com o motorista e pediu pra puxar o carro para frente pois já veria o que fazer. Logo, às 15:22h, chegou o BB601, atrasado em 22 minutos. Em menos de 20 minutos, o representante da Urbs tinha 3 fichas na mão e 3 problemas pra resolver ao mesmo tempo.

De alguma forma, já dizia Paulo Coelho, problemas devem ser resolvidos: o BN403 destravou, teve a viagem suprimida e retornaria 15:40h; o HB601 foi remanejado para o Term. Capão Raso às 16:09h; o BB601, mantido no Terminal Cabral até as 17:12h - já que a empresa não tinha veículos, nem operadores, para fazer a troca (e que fez o fiscalzinho se perguntar por meio de qual mágica que o BB604, por exemplo, entrou em operação, como extra, já no final da tarde).

Lá pelas 15:50h, chegou o CR109 com a inscrição Recolhe e vazio. Não estava na linha, iria substituir o CB699, tabela 10, Interbairros II Anti-Horário, às 15:47h, pois este apresentava problemas com as portas. Mantiveram, o motorista e o fiscalzinho, o seguinte colóquio:

- Então, qual é o pepino?
- Não, eu vinha trocar o 699 aqui, que ele tava com problema na porta, mas o trânsito tava difícil e eu acho que ele já passou, não consegui chegar aqui a tempo.
- Hum... putz, deixa eu ver... Ele tem horário às 16:09h no Capão da Imbuia. Você consegue alcançar ele lá?
- Não, pouco tempo.
- E às 16:39h no Term. Hauer? Você sabe chegar lá?
- Pior que não. Eu estava na garagem de plantão, apenas me mandaram trazer o carro pra troca, não sei chegar lá!

Depois de confabularmos, ele ligou para a garagem da empresa, que determinou que o carro fosse recolhido novamente.

Já o BB600 chegaria às 16:12h, sendo que fazia 15:48h - portanto, com apenas meia hora de atraso. Foi mantido no Term. Cabral até 18:07h também, de sorte que tudo parecia resolvido.

Eu disse... parecia.

Lá pelas 16:03h, uma senhora já bastante idosa adentra a guarita e começa a discursar, daquele jeito que os velhinhos fazem uso quando estão revoltados, mas não furiosos:

- Sabe quem tá andando nesses ônibus ultimamente? O "tebra"!
- Quem, senhora?
- O "tebra", Satanás! Porque eu tava no ônibus, tinha dois mais novos sentados, não quiseram me dar lugar... parecem que querem ver a gente sofrer mesmo! Deus me livre desses "tebra"!

Não tirou o fiscal os olhos do relatório, e assentia com a cabeça e dizia" sim, sei como é, complicado"... ficou a insana matriarca ali por uns 3 minutos e saiu da mesma forma que viera: falando nada com coisa alguma.

Daí para frente, o MB603, posterior ao BB601 cortado antes, atrasou 20 minutos. Ainda bem que o fiscal do "Garçom da Imbuia" decidiu cortá-lo. No final da tarde, os Interbairros dos dois sentidos começavam a atrasar, um passava na frente do outro, um começo de caos pairava no ar. O fiscalzinho ficou perdido com as tabelas, os horários, um horror! Perto das 17:00h, dois soldados da PM resolvem abordar um "carçudo" na pista de rolamento do Terminal, começou a travar tudo ali. Saíram depois de 10 minutos e o "malaco" foi liberado.

Depois, às 17:21h, o carro 18L51, Colombo/CIC, resolve travar no tubo sentido Colombo; a bolsa de ar tinha estourado e o ônibus parecia daqueles Golf tunados e rebaixados (mas não tipo o Atlético-PR), apenas não andava tão rápido quanto eles (conseguia se movimentar a 20km/h no máximo). Só que, como deixar um carro ali na pista lateral, onde ficam os tubos, no horário de pico? O inferno se aproximava. Os Inter 2, Sta. Cândida/Pinheirinho, Guaraituba/Cabral, Maracanã/Cabral e Colombo/CIC, também. Então, o supervisor (!) e o fiscalzinho pararam o trânsito e tiraram o ônibus pela canaleta... e teve gente que não gostou: uma mulher loira num Focus (acho) ficou reclamando, estava com pressa - provavelmente, para chegar em casa e não perder a novela das 6. Transporte coletivo e você, nada a ver, não é?

Depois de toda essa mão-de-obra - que durou 15 minutos, 5 dos quais na espera para atravessar a rua e voltar ao Terminal -, e depois de enviar o AA006, Colina Verde, para frente por atraso de 6 minutos (e ouvir uma velha reclamar e mandar ela dormir), o fiscal conseguiu voltar à guarita e sentar-se para tentar colocar o relatório em dia. Não durou 5 minutos: às 17:42h, mais ou menos, uma mulher desmaiou dentro do HD237, linha Sta. Cândida/C. Raso, quando este parou na plataforma (lotada) sentido Sta. Cândida. Lá vai o fiscalzinho vierificar a situação: o ser do sexo feminino realmente apagara. Restou ao fiscal gritar: "Sai todo mundo!" e encaminhar o carro até o Posto 24h do Boa Vista. No final das contas, chegando lá, ela estava melhor e simplesmente recusou o atendimento.

Finalmente, foi-se o dia. Hora de aproveitar o feriado? Nah! Antes, deixar o material pronto, com todas as 8 R.O.s, porque descansar 4 dias e voltar quarta é tempo demais para deixar o relatório parado, não? Oh Lord... o fiscal, já plenamente tomado pelo ensandecimento que o trabalho lhe traz, findou o relatório e emitiu os registros, saindo do Terminal apenas às 18:51h para, então voltar para a sua "Colóóónia".


Poema do dia:

Cefaléias

Confusão mental, tudo individual
Do ponto de vista da teimosia
Teimam comigo - frase magistral
Proferida pelo resto de seus dias

Aonde vão os elevados argumentos
A classe e a elegância da lógica
Se, em quase todos os momentos
A discussão se resume à retórica?

Não há progresso onde uma opinião
Tende a dominar todas as demais
Democracia? Liberdade de expressão?
Sempre tem alguém que pode mais

E isso porque os sábios se calam
Ante as falácias e a demagogia
Palavras que, pesadelos, embalam
Fundadas em infames analogias

Se há visões diferentes, porém
Bem fundadas em firmes idéias
Aceite, elas coexistem muito bem
Sem que você ocasione cefaléias

Cristiano Tulio - 13/04/2012

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Home And Dry

Olá, leitores! Ok, ok, faz uns 6 meses que nada escrevo neste espaço, e isso veio por conta de uma série de fatores. Entre eles, o maior: a preguiça. Ficar arranjando temas (e histórias) para contar aqui nem sempre é fácil, ainda mais quando as coisas não têm seu devido andamento, ou você não está satisfeito com o que faz.

Pois bem, voltemos à carga. O nome do post acabei de arranjar (nesse exato momento) de uma canção do Pet Shop Boys que não ouvia há tempos. O tema, talvez já tenha abordado... porém, com o tanto de coisas que vêm acontecendo em relação a ele, é possível traçar, agora, paralelos interessantes. Sem mais delongas, tratemos das falsas e das verdadeiras revoltas em relação à corrupção.

Hoje, tornou-se lugar comum o protesto contra a malversação dos recursos públicos no Brasil. Embora isso, em grande parte, se deva à constante verificação de tão repugnante fato, também é causa de uma maior mobilização do povo brasileiro.

Esperem, eu disse... "mobilização"?

O Dicionário Online (ah, sério, são 2:30 da manhã; não vou procurar um dicionário decente a essas horas) define o termo como "colocar em movimento, em atuação". Simples, fácil. Significa mover-se no sentido de concretizar um objetivo, em geral, coletivo.

Poder-se-ia afirmar que as recentes convocações virtuais para passeatas contra a corrupção seriam um tipo de mobilização. Na teoria, a internet, um meio de globalização e distribuição de informações, serviria para aliciar manifestantes em grande proporção, almejando um evento de grande porte.

Na prática, acaba tornando-se uma convocação real para um evento virtual.

Não raro os jornais noticiam passeatas contra a corrupção arregimentadas por meios virtuais que contaram com a presença de 500, 600... 1000 pessoas, no máximo. Isso reflete, em verdade, a tendência de que as pessoas apenas repassem a sua "indignação" por meio de mensagens, de convites, de compartilhamentos no Facebook, sem que se dignem de levantar as nádegas de suas cadeiras e realmente executar alguma ação que vise à expressão do que pensam (ou dizem pensar).

O problema é que a World Wide Web tornou-se, em realidade, um meio de generalização de pensamentos e sentimentos... um lugar comum onde as reações se tornaram, concomitantemente, comuns, costumeiras. Em suma: a revolta, a indignação, se tornaram fatos rotineiros e aceitáveis, mesmo que se diga o contrário.

Isso leva a... bem, o post já está meio comprido; deixemos para continuar o raciocínio na próxima publicação.


Causos do transporte coletivo:

I

20/12/2011, 14:32h, Term. de Almirante Tamandaré. Conversava com a cobradora da entrada de lá, quando ela começou a me contar dos filhos dela. Logo, contou que, com frequência, eles iam visitar o avô:

- É, volta e meia eles vão lá no meu pai; às vezes não tem ninguém em casa pra cuidar deles.
- Ah, mas isso é normal... vai ver eles se divertem.
- Que nada! Quando eles chegam, meu pai diz: "Seus lazarentos! De novo esses piás do demônio aqui dentro de casa!"

Já cantavam os Titãs: "Família, família... cachorro, gato, galinha..."
 
II

Dia 26/12, segunda-feira, 14:30h. Terminal do Cabral. Um dos motoristas do São João havia reclamado que o carro BN410 estava com o freio ruim. Logo, pouco antes do horário citado, o carro pitoco de socorro da Glória adentrava o terminal, estacionando logo ao lado da guarita. O mecânico perguntou:

- Que horas ele faz aí, 14:30h?
- Sim sim, logo deve estar chegando.
- Ah, então vou estacionar um pouco mais pra frente.

Porém, o carro ficou no mesmo lugar. Pensei comigo que o mecânico havia desistido da idéia. Logo após, chega o BN410 e a regulagem do freio é efetuada. Porém, logo depois, vejo cabos de energia ligados nas baterias dos carros... estranhei: "Ué, mas não era só o freio?". Continuei trabalhando.
Depois de alguns 5 minutos de abstração, olhei de novo e o pitoco ainda estava lá. O micro já tinha saído. "Ué, o que ele ainda está fazendo aqui?", pensei. Logo depois de uns 10 minutos, vi o BA116 chegando e compreendi: o socorro havia enguiçado! Foi necessário ligar os carros por uma barra para que o BA116 socorresse o carro de socorro.

Quando o socorro precisa de socorro... "oh, e agora, quem irá nos defender?"

III

28/12, 14:39h, mesmo Terminal do Cabral. Passava o dia longo e tedioso quando, ao prestar atenção à comunicação de um dos fiscais do Centro por rádio, ouvi a seguinte pérola:

- QAP, CCO, Pç. Carlos Gomes.
- QRV
(depois de passar uma lista com alguns carros, chegou a esse trecho):
- ...veículo GE709, tabela... opa, peraí... só um momento que deu pane no HD aqui!

O cara tinha se confundido todo, passou tudo errado! O processador não anda bom hein, haha...

IV

Dia 29/12, ainda no Quebral, não me lembro o horário. Chegou uma mulher e começou a me perguntar onde pegava o Interbairros II para ir, se não me engano, ao Capão Raso:

- Você pode pegar qualquer um, tanto para o Campina do Siqueira quanto para o Capão da Imbuia.
- Pra onde?
- Pro Capão da Imbuia.
- Onde?
- Capão da Imbuia.
- Hã?
- Capão... da Imbuia.
- Capão Limpo???
- Da Imbuia!
- Quê?
- IMBUIA!!!

Usar cotonete de vez em quando é bom, sabe!


Poema do dia:

Revolta Genuína

Resista, conquiste
Não pare na pista
Não transforme o chiste
Num item da lista

Reveja, reaja
E que assim não seja
Enquanto essa naja
Mantém sua cabeça

Pois a revolta genuína
Não pára no cartaz pintado
Ao silêncio não se limita

Pois, então, deixe de lado
Essa concordância bovina
De quem nasceu derrotado
De quem nada faz, quando instado
Mas reclama na surdina

Cristiano Tulio - 23/01/2012

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Meet Me At The Corner

Olá, senhores leitores... poucos, porém, fiéis. Há tempos que não tinha nem tempo, nem ânimo, nem um bom tema para dissecar aqui neste modesto espaço.

Entretanto, hoje, ocorreu-me um. Surrado, sovado, batido, quase morto... mas, por outro lado, mais vivo do que nunca atualmente: as redes sociais.

Primeiramente, para que se entenda melhor o que quero dizer, melhor explicar de onde surgiu o tema... assim, posto, para quem quiser, o link de um vídeo que fala sobre "motivos para abandonar o Facebook": http://www.youtube.com/watch?v=5AyfZFfLel0

São 6 minutos que fazem pensar em vários sentidos, dizendo um tanto de verdades. Em suma, apresenta vários motivos para que os indivíduos deixem de utilizar essa "ferramenta social".

Todos que me conhecem sabem que eu sempre detestei Orkut e Facebook pela superficialidade dos contatos, pela inutilidade de vários comentários, pelas falta de privacidade, etc.. No entanto, dessa vez, após ver esse vídeo, venho, de certa forma, defender as redes sociais.

É, é isso mesmo.

Tudo o que o autor da mídia explana é válido, sim. Muita gente usa as redes sociais para bisbilhotar a vida alheia, para seus fins egoísticos e interesseiros, e asism sucessiva e critica e alienadamente.

Por outro lado, um fenômeno que venho observando é que, muitas vezes, amizades que se perderiam com o tempo, contatos que deixariam de existir nesse mundo cada vez mais apressado, "globalizado", individualizado, inchado e cansado, tendem a continuar ou retornar à ativa por meio dessas ferramentas.

Alguém já se sairia com a insigne frase: "mas isso mina a possibilidade de encontro das pessoas, os contatos ficam superficiais e você não mais as vê".

É um fato, mas não tão trágico. Em incontáveis oportunidades, voltei a falar com pessoas, a aquilatar laços, a partir de uma simples mensagem, depois de tempos sem contato. Qual o problema com isso?

O autor também fala que todos estão julgando você, suas fotos, suas escolhas, seu perfil. Elas fazem isso o tempo todo, queira você ou não, pessoalmente ou por internet - verdade seja dita! De outra vista, já tive oportunidade de aprender coisas novas com o que as pessoas colocam no perfil, com o que escrevem, com o que pensam. O Facebook acaba sendo, muitas vezes, um local de desabafo.

E os eventos? Usados erroneamente, são catastróficos. Usados corretamente, proporcionam uma chance de marcar encontros, de estabelecer festividades, e assim por diante.

Enfim, o que quero dizer, é: vivemos dizendo que devemos fazer as coisas certas (que devemos ver-nos mais pessoalmente, manter contato por telefone, etc.) mas jamais o fazemos. Sempre temos conosco que o tempo é sempre curto demais para nós mesmos, que dirá para que o gastemos com os outros?

Gostaria de que as pessoas se encontassem mais, conversassem mais, se disponibilizassem mais. Mas, enquanto isso não acontece (se é que, um dia, nossa geração "foda-se você, viva eu" vai chegar a fazer isso), por que não usar esses meios virtuais de forma positiva e saudável?

Sei lá, é o que eu penso.


Causos do Transporte Coletivo:

I

01/08, Term. Cabral. Iniciando bem o mês, tudo corria de forma lépida e faceira, quando uma usuária de igual feitio achegou-se, às 15:59h, e perguntou:

- Viu, tem catraca de saída ali para a frente ou eu tenho que vrããããããã??? (fez com a mão o gesto de descer o túnel e sair pelo outro lado).

É, é tipo o tchum... são sinônimos!

II

Dia 03 de Agosto, quarta-feira, mesmo Cabral. Outro passageiro perdido tentou se achar, às 13:55h:

- Para ir pro Campina do Siqueira, onde é o Interbairros II.
- Ali perto da porta vermelha, do outro lado.
- E sentido contrário?
- Na outra ponta daquele mesmo lado.
- Era esse mesmo que eu queria, obrigado!

Então, por que, meu Deus, POR QUE... não perguntou logo???

III

14/08/11. Domingo. 14:18h. Escoavam as areias do tempo entre meus dedos, quando uma senhora se aproximou e desferiu:

- Você tem o horário daquele Califórnia/Bradesco?
- Banestado/Califórnia, não é?
- É, é tudo igual, tudo banco!

Pega qualquer um, é tudo ônibus!


Poema do dia:

Que Me Dizes?

Que me dizes? Não te escuto
Pois dissolvem-se no ar
Tuas palavras de augúrio
Ao tocar o meu pesar

Que me dizes? Não te entendo
Pois apagam-se no tempo
Tuas murmúrias e lamentos
Não chegam ao meu Olimpo

Quando chegavam, eu quisera
Tomar-te em meus braços
Fazer, do inverno, primavera
E deitar-me em teu regaço

Mas, agora... que me dizes?
Já nem quero me ocupar
Daquilo que as cicatrizes
Não mais me fazem lembrar

Cristiano Tulio - 16/08/2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

Lyin' Eyes

   Fico irritado com a "cara de pau" das pessoas, em certos momentos. Lembrou-me agora aquele episódio da escrivã que foi revistada à força por um delegado, alegando que não possuía consigo dinheiro advindo de corrupção. Ao ser revistada, a bufunfa foi encontrada, e ela se saiu com essa: "Esse dinheiro não é meu".

   Falo disso porque, ontem, uma passageira foi extremamente descortês e obtusa com uma operadora do sistema de transporte coletivo. Destratou-a severamente porque ela não possuía troco pra 50 reais (sendo que o troco máximo, de acordo com o regulamento, é de 20 reais). Ainda bem que outros usuários vieram a defendê-la, oferecendo-se como testeunhas contra a mal educada senhora.

   Há quem se porte da maneira errada e ainda ache que tenha direito de se enervar. Quem faça errado e ainda queira esbravejar contra quem revelou sua iniquidade. Quem cometa crimes e ainda se veja no direito de ficar impune.

   Não é à toa que essa inversão de valores, essa dissociação entre moral e justiça, nos leva à concepção de um país de diferenças tão abissais, de desorganização assaz imensa e de população tão alienada. E nós, como bobos da corte, agradamos aos reis para que estes não nos cortem as cabeças, sendo que, de uma forma ou de outra, eles riem de nossas desgraças.

   Quiçá, um dia, o povo acorde, e faça as coisas funcionarem. Entrementes, enquanto se portarem de forma semelhante àqueles que criticam, nada vai se alterar.


Causos do Transporte Coletivo:

I

Dia 18/05, Term. Cabral. Estava para ir para o Guaraituba, e logo escutávamos de um usuário que um dos motoristas da linha Cabral/Portão estava "furando ponto" (ou seja, deixando os passageiros no ponto). Ligamos para a CCO e relatamos o fato. Não me lembro quem lá estava, porém, depois da denúncia, saiu-se com essa:

- Mas foi o motorista da tabela que te falou?

É, é.

II

Dia 22/05, domingo, Term. Sta Cândida. Estava cuidando dos biarticulados, no final de um dia meio atribulado, quando, às 17:44h, o motorista se aproxima e diz:

-  Um passageiro acabou de vir até mim e disse que chegou ao Term. Santa Quitéria!

Viramos Curitiba de ponta-cabeça no domingo, só pode...

III

Dia 23/05, Term. Cabral. Começando bem a semana, um animado futuro passageiro da linha Tamandaré/Cabral pergunta-me:

- Onde eu pego o Tamandaré/Cabral?
- Ali no meio... você passa pelo túnel e é ali perto da bilheteria de entrada, do lado esquerdo.
- Ah! Então eu passo por aqui e tchum!?

Isso aí, e tchum!

IV

Dia 26/05, gloriosa quinta-feira, Term. Cabral. Estávamos na guarita o supervisor e eu, quando nos procura um ser, às 14:02h:

- Eu queria ir até a R. Erasto Gaertner.
- Que altura?
- Não sei!
- Não é na Auto Peças Alvorada, essa aí do folheto na sua mão?
- Ah, é, é aí mesmo!!!

Tem gente que não sairia de um labirinto nem com um mapa.

V

No mesmo dia 26, mesmo bat-local, às 13:03h, conversava com o motorista do Colina Verde:

- ...pois é, o que houve ontem com o outro carro da tabela?
- Quebrou, daí eu vim cheio.
- É, ontem foi o dia dele... de repente logo é o seu.
- Nada, esse carro é o melhor de todos!

Logo, no horário seguinte, o carro não apareceu. No dia seguinte, o condutor veio me dizer:

- Mas você hein! Ontem uma mulher passou mal e tivemos que cortar uma viagem!

Quando eu digo que mando naquela budega, eu não tou mentindo...

VI

Ainda no pretérito dia 26, uma usuária queria saber como chegar ao Boqueirão, às 17:09h:

- O Inter 2 passa no Boqueirão, né?
- Mas ele vai pro Hauer, na verdade...
- Hauer é Boqueirão!

Uma coisa é uma coisa, outra coisa...

VII

Saí de férias, voltei dia 02/07. No sexto dia julino, já atuava eu no Term. Sta. Cândida. Lá pelo final da tarde, o GD343 chega uns 5 minutos atrasado, sendo que o da frente havia se envolvido em sinistro. O motorista, esbaforido, me conta:

- Porra, cara, cheguei atrasadão porque peguei os passageiros do carro que bateu. Daí, os passageiros se pegaram na porrada porque um cara tentou assaltar alguém lá... saíram no braço mesmo!

Teria que ser criativo demais pra inventar tanta desgraça junta!

VIII

Dia 12/07. Laborava no Terminal Cachoeira, quando, lá pelas 16:30h, observo uma menina de uns 10 anos e seu irmão menor, com uns 8 (imagino) passando. Ela segurava umas 6 ou 7 sacolas; ele ia com duas - uma em cada mão. No meio do trajeto, qualquer coisa caiu. Aí, se deu o seguinte diálogo, começando com a menina:

- Pega ali, que caiu!
- Pô, não ta vendo que eu tou com as mãos ocupadas?

Ela, sem paciência, pegou o objeto do solo mesmo com aquele monte de pacotes na mão, e ainda arrematou, em voz alta:

- Mas é um monte, mesmo!

Ri desabridamente.

IX

Hoje, 18/07. Depois de um dia confuso, trabalhava nas estações tubo e, às 16:24h, cheguei à E.T. Fernando de Noronha, sentido Centro. Conversava com a operadora e assinava a ficha, quando duas senhoras se aproximaram para entrar. Logo, a senhora que estava atrás, com pressa (visto que o ônibus recém encostara), falou à outra, que ia encostar o seu cartão:

- Viu, eu não sei se a senhora vai pegar esse ônibus, mas me deixe passar que eu quero pegá-lo!

Dispensa comentários.

X

Aqui, algumas pérolas para vocês, passadas por alguns colegas (grazie, Guilherme e Meier!):

"Queria ir na Erastogether" (Erasto Gaertner)
"Pegar o Fliperama" (Futurama)
"Onde passa o Raul Solange? (Ahú/Los Angeles)
"Pra Vila Fênix?" (Vila Fanny)
"O ponto do Capitão Mafra?" (Carbomafra)


Poema do dia:

E Tu, Quem És?

Gostava de ti
Gostava do quanto gostavas de mim
Gostava, pois sim

De pensar no quanto me amavas
No fim
Não era o que eu vi

Gostava, de ti
Esperava a prosa e o verso e, assim
Em ti, me escrevi

Julgava sentir
Que esperavas o dia todo o meu vir
Do mundo que eu fiz

Pros teus sentimentos tocarem
Meus rins
E eu, querubim

Gostava, de ti
Esperava todo o universo e, assim
Em mim, me perdi

Eu acho mesmo é que eu gostava de mim

Cristiano Tulio - 15/07/2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Kill The President

Não, o título concedido ao post de hoje não faz apologia ao terrorismo contra qualquer chefe de Estado (depois do que aconteceu com Bin Laden, decidi cancelar a compra da série sobre acidentes aéreos pela qual me interessei). Tampouco representa propriamente um desejo de eliminar toda e qualquer forma de "cracia" encontrável no mundo atual ou antigo (afinal, a anarquia exigiria seres humanos sumamente inteligentes que soubessem cada qual o seu lugar na construção de uma sociedade perfeita, digamos).

A idéia é, objetivamente, refletir sobre alguns epísódios que tiveram lugar nesse alvorecer do governo petista de Dilma Rousseff. Dispenso-me de discutir os méritos de tal administração - afinal, para seus fiéis lacaios, sempre tudo estará bom, enquanto que, para seus opositores, nada prestará - ; porém, gostaria de lançar alguns questionamentos, tomando por base alguns fatos de que tomei ciência recentemente.

Ao visitar meus colegas de trabalho em meu antigo estágio, na Procuradoria Federal no Estado do Paraná, fiquei horrorizado ao descobrir que o Governo Federal não está pagando as empresas terceirizadas. Os funcionários destas já estão sem receber há 4 meses, mais ou menos. Diz-se que os atrasados virão em pagamento retroativo (contudo, duvido que contenham o juro e a correção monetária devidos).

Achei que parava por aí. Ledo e crasso engano. Hoje, uma colega de serviço relatou-me que os monitores bolsistas da UFPR também estão sendo privados de seu estipêndio - sendo pode-se afirmar, sem risco de exagero, que alguns deles dependem desse dinheiro para sobreviverem.

Tudo isso se deve à ordem da Sra. presidente (e não presidenta, visto que presidente é substantivo comum invariável no gênero - em outros termos, presidenta NÃO EXISTE) de "apertar o cinto". Acho que, realmente, devemos apertar o cinto, porque o piloto sumiu!

Se o Poder Público alega estar endividado, por que não enxuga seu quadro de cargos comissionados? Por que os deputados e senadores aumentam em 50% seus próprios salários? Por que não regulamentam o Imposto sobre Grandes Fortunas (vide posts passados), previsto na Constituição Federal?

A resposta é óbvia: Dilma não quer jogar contra seu time, mas quer fazer caridade com o chapéu alheio. Ajeitar as contas deixando de pagar aqueles que trabalham é, absolutamente, uma violação da Carta Magna em sua integralidade. Uma minimização dos direitos fundamentais das pessoas que dependem desses pagamentos. E, por fim, uma hipocrisia quanto à filosofia propalada pela "esquerda" brasileira.


Causos do transporte coletivo

I

Dia 25/04, segunda-feira, 13:42h, Term. Sta. Cândida. Chegava ao final a primeira parte da jornada do BD135, tab. 15 da linha Sta. Cândida/C. Raso. Daí, o veículo vai para a garagem reabastecer e volta a operar.

Não foi o que pensou uma usuária. O carro esvaziou, o motorista selecionou o letreiro "Recolhe" e foi ao banheiro. Nesse meio tempo, a potencial passageira entrou no ônibus e sentou-se, esperando a saída. Devia estar extremamente feliz de encontrar-se totalmente sozinha no veículo (dia de sorte!)... quando o motorista (que não a viu) fechou as portas e saiu, ela deu por si e percebeu a cagada. Logo, saía pela porta de emergência, antes que se deleitasse com uma viagem até a garagem da Glória.

II

26 de abril, terça. Assisti ao recorde de latas velhas VDs na linha do Sta. Cândida/C. Raso: 8 veículos ao longo do dia. Atrasos, que nada! Se eles chegassem era lucro!

III

No dia posterior, 28, estava conversando com um dos guardas que faz a segurança do Terminal Sta. Cândida. Eram 17:06h e, enquanto conversávamos, ele veio com a pérola:

- Esse programa sim está à minha altura!

Ele assistia à TV de cima da plataforma.

IV

Lembra da mulher que embarcou no carro que recolheu? Parece que virou febre: às 16:46h do dia 05/05, no Term. Maracanã, uma outra pessoa do sexo feminino embarcou no 18G27, que fazia a linha Maracanã/Sta. Cândida e foi recolhido por conta de um pneumático furado. Detalhe: o ônibus parou do lado oposto ao do embarque e também estava com a inscrição "Recolhe" luzindo no painel eletrônico. Seria uma síndrome da solidão no transporte coletivo?

V

07/05, voltamos ao querido e atribulado - mais isso do que aquilo - Sta. Cândida. Véspera de Dia das Mães, sabe como é... pois bem: o CA011, que fazia a linha B. Alto/Sta. Cândida, começou a atrasar. Primeira viagem, 8 minutos. Segunda viagem, 22. Falei com o motorista e ele disse que o carro era ruim, que o tempo era curto, que a pista era uma droga... achou que ia me levar no bico. Disse que cortaria sua viagem quando completasse uma de atraso.

Sim, ele perdeu uma viagem inteira rodando! Chegou com 37 de atraso na terceira, e foi devidamente suprimido (não o motorista, mas o deslocamento, purtroppo!). E dá-lhe usuário reclamando na minha orelha... resolvi pedir a troca de ambos, carro e condutor.

Porém, a Sto. Antônio Urbana sempre tira um coelho da cartola: trocou apenas o carro, deixando o motorista. Tinha tudo para dar errado; entretanto, a emenda saiu melhor do que o soneto: o atraso fixou-se em 20 minutos e assim foi. Melhor do que nada.

VI

11/05, Term. Cabral, 10:36h da manhã. Estávamos fazendo hora extra por conta de uma pesquisa. Calculem que eu odeio acordar cedo, por isso trabalho à tarde... e acordar às 04:40h não me deixa nem um pouco bem humorado. Porém, as coisas podem, piorar. No horário citado alhures, uma senhora bateu no vidro do biarticulado parado, em que sua amiga já havia tomado assento, dizendo:

- Maria, me liga pra me dizer qualquer coisa!

Dispensa comentários.

VII

15/05, domingo, Term. Maracanã. O dia transcorria tranquilo e modorrento quando, às 14:00h, o monitoramento de Colombo pára um carro próximo ao terminal. Abrem o porta-malas, um mala sai de trás algemado e acompanha os guardas municipais. Dirigem-se ao barranco próximo à rua lateral, procuram por alguma coisa (drogas, provavelmente), nada acham. Logo, voltam e começam a andar pela calçada.

Foi aí que se deu um dos lances mais incríveis que eu já vi. O mala, astuto como um tonto, distanciou-se dos guardas e passou a andar um pouco à frente. Ao abrir espaço de 5 metros, deu uma olhada para trás e largou num pinote desenfreado, mesmo de algemas! O guarda bem que tentou, mas não conseguiu alcançá-lo jamais! O suspeito então correu até dar uma volta no Terminal, momento em que, só então, o outro guarda catou o carro para persegui-lo.

Ou, depois, mostraram o saco pro piazão, ou essa história vai se tornar lenda na cultura da cidade de Colombo.

VIII

Logo após, eu pegava o Maracanã/Sta. Cândida para voltar à civilização - digo, a Curitiba (e nem sei se essa distinção é assim tão válida). No meio do caminho, às 15:08h, uma usuária acena para o motorista, que não pára. Então ela começa a gritar, xingar e apontar para um ponto, provavelmente alegando que o condutor devia deixá-la embarcar.

Entretanto, apontava para um ponto de táxi.


Poema do dia:

De Repente

Tédio, tédio... tédio sideral
Tanto espaço-tempo e tudo é tão banal
Nascido micro, é infinito, e morre pontual

Credo! Dizem os ateus na aflição
De saber que nem tudo tem explicação:
A Quântica não diz por que, o gato, cão é não

Morrer sem saber das maravilhas
Que o pensar faz escapar da mente
O raciocínio é, do navio, a quilha
Do paraíso, a pérfida serpente
Um passo atrás para um passo à frente

Nego tudo... afirmo até o final
Que nada existe, e nadamos no irreal
Até que o anoitecer traga a aurora boreal

Morrer sem saber das maravilhas
Só de pensar, eu caio bem doente
Pois toda essa ansiedade peralvilha
Dá-me o poder de quedar impotente
Perante a precisão do "de repente"

Cristiano Tulio - 17/05/2011

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Player In The League

Hoje, escolhi para pensar sobre um tema óbvio, porém, muito importante atualmente. Trata-se da violência recrudescente em relação às partidas esportivas - notadamente, as de futebol.

De começo, mui importante ressaltar que o esporte - tomado como gênero - é caracterizado por habilidade, treino, raça, etc.... mas também - e sobretudo - pela sorte. Em outras palavras, é um evento de prognósticos.

Assim sendo, tudo pode acontecer. Inclusive, esse é o encanto do desporto. Ademais, mais do que nunca, essa regra é válida para o futebol. Basta ver as grandes zebras das Copas do Mundo: Estados Unidos 1 x 0 Inglaterra em 1950, Camarões 1 x 0 Argentina em 1990, Alemanha 3 x 2 Hungria em 1954, e assim sucessivamente.

Se assim acontece - e, aqui, chegamos ao ápice da ideia - , por que (mas, raios, por quê!), ao provocar tantas paixões, precisa também provocar tanta disputa, beirando as raias da agressão física e mental entre seus aficcionados?

Entrementes, essa não é a questão central. O foco é outro, e por um motivo simples  (inclusive, já por mim constatado junto aos "torcedores" dos três principais escretes da capital curitibana: o que está em voga não são os times, mas, sim, a própria pancadaria.

Explico: o esporte aparece, nesse caso, como mera motivação/justificativa para a selvageria, a barbárie. Funciona como uma divisão em clãs (muito popular entre as camadas de jovens de "classe baixa" - ou, calçudos) onde o clã mais forte vence os outros. Em suma: os times são apenas pretexto para que uma guerra tenha início. É a volta aos primórdios da "civilização", porém, sem o motivo que os fazia agir assim há milênios.

Obviamente, a divisão em castas, classes (ou qualquer coisa que o valha) é uma constante da sociedade através dos tempos... no entanto, nunca me pareceu tão patente que essas organizações serviriam a um fim tão inútil em si mesmo, tão desprovido de sentido. Modernidade, eis aqui teus filhos.


Causos do transporte coletivo:

I

Dia 12/04, Term. Cabral. Tudo fluía normalmente até que, sem mais nem menos, o motorista do DR106, Interbairros II (Anti-Horário), chega até mim na guarita e diz:

- Tem como recolher o carro? Não dá pra continuar, a porta 4 caiu!

Não acreditei, corri até lá. De fato, se não tinha mesmo caído, estava quase a ponto disso, um tanto inclinada e completamente torta. Bendita seja você, licitação, o estandarte da mudança!

II

Dia 13/04, quarta-feira, mesmo local. Às 15:06h, um passageiro entra confuso na guarita e pergunta:

- Onde que pega pro Parque Tanguá? ...ou Tingüi? Ou Tinguá! Algo assim!

Trocadalhos do carilho, viu?

III

Mesmo dia, mesmo Term. Cabral. Outro usuário (não sei se de drogas ou do transporte coletivo), esbaforido, utilizando da técnica da psicologia da inversa (vide último post), questiona-me:

- Pra ir pro Capão da Siqueira?

Algumas pessoas realmente não têm geoção nográfica.

IV

Ainda no dia 13, o motorista que faz a linha São João me sai com essa, às 16:45h:

- Que feio, a Polícia Militar dando mau exemplo!
- Como assim?
- É, eles vão falando no celular, enquanto dirigem os cavalos...

A cavalaria havia acabado de passar.

V

20/04, quarta-feira, Term. Barreirinha. Chega um passageiro e pede, às 16:28h:

- Onde que pega o Fazendinha/São José?

A Urbs anda criando novas linhas e nem me avisa...


Causos de mesa de bar:

Madrugada de 21 para 22/04. Eu e mais 4 amigos numa mesa de bar, no Shadows. Depois de umas cervejas, nada mais natural do que a confecção de pérolas verbais desse naipe:

I

- Essa foto tá bastante legível...

(Uma moça, fazendo propaganda de seu recente livro "A Arte da Leitura de Imagens").

II

- Deus fez as irmãs pra gente não pegar as primas!

(Um amigo, invertendo a lógica do velho deitado)

III

- Você corta várias cestas básicas e faz uma caneleira!

(Outro amigo, sobre o processo de fabricação de artigos esportivos na Mike)


Poema do dia:

(Esse eu rabisquei enquanto trabalhava, na quarta-feira...)

Triste Coincidência

O mundo que fala, vê e escuta
É cego, surdo e mudo
Àqueles que não o fazem

Triste coincidência
Aqueles que podem tudo
Frente aos que não podem, são incapazes

Cristiano Tulio - 20/04/2011