segunda-feira, 16 de julho de 2012

We Take Care Of Our Own

Olá, leitores. Começando a dissertação de hoje, abordo o tema "greve de estudantes".

Sempre que eu manifesto contrariedade a movimentos intitulados "greves estudantis", surgem algumas pessoas vanguardistas, moderninhas, ou qualquer coisa que o valha, para dizer que estou errado e, elas, como sempre, certas. Não que isso me incomode, exatamente... porém, é interessante mostrar o outro lado da moeda (diria eu que a cara, e não a coroa).

Pois bem, comecemos com a definição jurídica de greve... pela Lei Federal nº 7.783/89, art 2°, é "a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação de serviços pessoais a empregador". Em outras palavras, greve é situação que se aplica apenas a condições trabalhistas.

Ok, muito formal. Vamos ao léxico. Encontrei, em um dicionário online, a seguinte definição: "Conluio de operários, de estudantes, de funcionários, etc., que recusam trabalhar, ou comparecer aonde os chama o dever, enquanto lhes não atendam certas reclamações." Aí, é claro, existe uma gama de situações a que se pode aludir com a palavra greve (greve de serviço, greve de sexo, etc.).

Entretanto, nesse ponto, sou obrigado a usar da lógica: uma greve é uma situação em que pessoas que têm interesses contrapostos a outras páram de realizar alguma atividade que prejudique essas últimas, de forma a pressioná-las para que analisem ou atendam a reivindicações atinentes a esses interesses. Traduzem-se, normalmente, em melhorias de condições, ou mudanças de situações estabelecidas em desfavor do grupo paralisado.

Assim, temos que aqueles que fazem greve - qualquer que seja ela - tencionam prejudicar, de certa forma, aqueles a quem estão submetidos ou conexos, para que estes concedam o que aqueles querem. In exempli: o empregado pára de trabalhar, dando prejuízo ao empregador; a mulher corta o coito com o homem porque este não a trata bem; o professor pára de dar aulas e prejudica à universidade e ao aluno. Em outros termos, a ação do grevista causa prejuízo alheio.

Tomada a singeleza do argumento, pergunta-se: qual é o prejuízo alheio que o estudante inflige ao parar de estudar, ao recusar-se a comparecer a uma aula? Contando com a verdade nua e crua, desprovida de enfeites e frases de efeito, vejamos... a universidade nada perde, apenas deixa de ministrar aulas. Os professores, idem. Afinal, em ultima ratio, com a greve estudantil, o único que perde é o próprio aluno. Isso porque estudar, capacitar-se, aprender, é de seu exclusivo interesse. Ele é quem deve procurar a completude (ou a maximização, sendo esta última impossível na prática) de sua formação. Não é um dever que o chama; é seu próprio interesse que o leva a estudar e a formar-se para contribuir com a sociedade em que vive. É um direito, sim, mas o direito é exercido por aquele que o pleiteia.

Historicamente, temos que os discípulos sempre seguiram seus mestres; pagavam para deles adquirir o conhecimento. Governantes foram educados por filósofos (aí sim pode-se falar em dever, mas uma espécie de dever cívico) e alguns deles tinham sede de saber, e aplicaram aquilo que aprenderam em seus governos. Por outro lado, nunca se viu alguém que perseguia alunos para ensinar, ou obrigava-os a ter conhecimento.

Já hodiernamente, o Estado foi dotado de uma função paternalista ou assistencialista intensa...  em outras palavras, todos devem estudar. Claro, isso faz parte da estrutura social atual, onde quem quer "vencer na vida" deve preparar-se para o mercado; em parte, uma espécie de "dever". Contudo, essa preparação pode ser melhor ou pior dependendo do interesse do preparando; e aí vem a vontade dele de aprender ou não. Por isso, quando ouço a frase de que o estudante devia "ganhar pra estudar", acho descabida e infeliz.

Voltando ao Estado-mãe... todos então têm que receber educação. Claro, concordo. Mas não se pode enfiar goela abaixo de todos a educação. Alguns não vão recebê-la, nem querem isso. Alguns fogem ao método tradicional, não se adaptam. É uma coisa que deve ser oportunizada da melhor forma possível... deve ser disponibilizada. Porém, existe uma visão invertida de que, se o estudante não se interessa, o Estado é culpado e deve reparar ou prover isso! But how?¹

Ainda, existe essa cultura mainstream de que toda idéia nova é idéia boa. Quem não segue a idéia vanguardista padrão é "preconceituoso, velho, desatualizado". Pergunto-me que pessoas são essas que discutem idéias do século XIX em pleno século XXI e ainda dizem isso... (Capitalismo x Socialismo? Algúem?)

O que eu quero dizer, por fim, é que o movimento estudantil por melhorias é válido, inválido é o método greve. Existem outras maneiras de pugnar por melhorias: protestos, passeatas, boicotes a eventos de pompa. Formas inteligentes de luta. A "greve estudantil" é como interpor uma apelação quando o juiz abre prazo para a contestação, para os advogados. Ou, para os engenheiros, resolver uma derivada usando a fórmula de integral. E aí seguem os exemplos...

O instrumento está errado. A greve, se "bancada" pelo governo ou pela universidade, vai prejudicar unicamente aos alunos. É utópico pensar de outra forma. E... se nenhum dos argumentos acima pode ser tomado como relevante, tenho um último, de ordem financeira: você já viu algum estudante de faculdade particular fazendo greve?


Causos do Transporte Coletivo

I

Primeiro dia de Agosto de 2011. Enquanto trabalhava, recebi a seguinte mensagem de um colega meu: "RO 74220. Veículo operando sem a placa lateral. Conforme operadores, a placa era menor do que o suporte e caiu na rua durante o caminho."

Vê se não é coisa de gente esperta isso...

II

Três dias depois, em 04/08 do ano pretérito, eu e alguns colegas discutíamos sobre como seria a operação dos novos biarticulados em lugares como a Pç. Eufrásio Correia, em que eles realizam o desembarque um atrás do outro. Um deles me enviou a seguinte mensagem, às 16:00h: "Os novos bi's vão demorar um pouco pra entrar em operação porque, por incrível que pareça, quando você deixa eles maiores eles ocupam mais espaço. Não cabe dois no Eufrásio, e os cabeças não sabem o que fazer!"

Gente esperta, level 2.

III

Dia 14/08/2011, Term. Sta. Cândida. Trabalhava eu ali quando um usuário me perguntou onde que pegava o "Califórnia/Bradesco" (causo que eu já contei aqui). Comentei o incidente com dois colegas, perguntando onde é que eu tomava ônibus dessa linha, os quais me responderam da seguinte forma:

Colega 1, 14:30h: "Esse passa, normalmente, 5 pra daqui um pouco! Povo é foda, já tinham me perguntado onde fica o Conglomerado HSBC, Bradesco é novo!"

Colega 2, 17:23h: "Acabou de sair sentido Bamerindus."

Afinal, "é tudo banco" mesmo!

IV

Dia 24/02 do ano corrente. Estava eu no Passe Escolar, afastado do mundo da fiscalização. Mas sempre há alguém para trazer as notícias dessa outra dimensão. Às 16:01h, um dos meus colegas me manda SMS questionando: "Você que sabe das coisas, conhece o Grogromerado Banestado?"

Quando que vão aprender o nome dessa merda de lugar???

V

Dia 01/03/12, 15:19h. Ainda no atendimento do Passe Escolar, recebo a seguinte mensagem desse mesmo colega que me mandou a acima transcrita: "Para comemorar minhas férias, vou mandar um informativo questionando a capacidade operacional da Sto. Antônio amanhã. Não sei como eles conseguem ficar cada vez piores".

Modo estranho de comemorar uma folga... porém, assinei embaixo.

VI

Dia 26/03/2012. Era meu último dia de passe escolar, visto que requereram o retorno antecipado dos fiscais que nele trabalharam. Nisso, esse mesmo colega acima citado, o qual laborava no Term. Sta. Cândida no dia, enviou-me, às 16:10h, a seguinte missiva: "Bota fé que roubaram os avisos de emprego antes de eu colar hoje? Estava colando, chegou um comboio, fui atender e deixei no chão ainda grampeados os avisos. Quando voltei, kafuf, virou fumaça! Vê se pode até aviso de emprego nego rouba!"

Eu não ia ligar nada. Odeio colar cartazes mesmo... podiam roubar toda a vez em que eu tivesse que fazer esse serviço medíocre...

VII

Dia 12/04. Mais uma mensagem desse meu colega, o qual então trabalhava no Term. Maracanã, às 15:17h: "Segue parte da reclamação dos colombenses, como veio pra mim: "...os motoristas fazem sempre 2 a trez viagem para o Adriane, deixando a linha do Ana Terra a mercês..."

Não sei nem como comentar essa infelicidade.


Poema do dia:

Mercy

Run to the alley, hide from the world
Live with the fears that wait for you to die
Gun at your head, this lack of bold
Will cost you so much, you can't pay the price

This is you traveling through the days
This is you trembling around the ways

Is it too much for you?
Life just doesn't have mercy
Waiting for something new?
But you can't tell what is fancy
From what you have ever known

Run from the rain, dread the thunder
Where are the reasons for you to stand here?
Strenght at your teeth, you're so under
That no one there can see any of your tears

Cristiano Tulio - 20/04/2012


¹ Maroon 5 - How.

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