domingo, 12 de fevereiro de 2012

Home And Dry

Olá, leitores! Ok, ok, faz uns 6 meses que nada escrevo neste espaço, e isso veio por conta de uma série de fatores. Entre eles, o maior: a preguiça. Ficar arranjando temas (e histórias) para contar aqui nem sempre é fácil, ainda mais quando as coisas não têm seu devido andamento, ou você não está satisfeito com o que faz.

Pois bem, voltemos à carga. O nome do post acabei de arranjar (nesse exato momento) de uma canção do Pet Shop Boys que não ouvia há tempos. O tema, talvez já tenha abordado... porém, com o tanto de coisas que vêm acontecendo em relação a ele, é possível traçar, agora, paralelos interessantes. Sem mais delongas, tratemos das falsas e das verdadeiras revoltas em relação à corrupção.

Hoje, tornou-se lugar comum o protesto contra a malversação dos recursos públicos no Brasil. Embora isso, em grande parte, se deva à constante verificação de tão repugnante fato, também é causa de uma maior mobilização do povo brasileiro.

Esperem, eu disse... "mobilização"?

O Dicionário Online (ah, sério, são 2:30 da manhã; não vou procurar um dicionário decente a essas horas) define o termo como "colocar em movimento, em atuação". Simples, fácil. Significa mover-se no sentido de concretizar um objetivo, em geral, coletivo.

Poder-se-ia afirmar que as recentes convocações virtuais para passeatas contra a corrupção seriam um tipo de mobilização. Na teoria, a internet, um meio de globalização e distribuição de informações, serviria para aliciar manifestantes em grande proporção, almejando um evento de grande porte.

Na prática, acaba tornando-se uma convocação real para um evento virtual.

Não raro os jornais noticiam passeatas contra a corrupção arregimentadas por meios virtuais que contaram com a presença de 500, 600... 1000 pessoas, no máximo. Isso reflete, em verdade, a tendência de que as pessoas apenas repassem a sua "indignação" por meio de mensagens, de convites, de compartilhamentos no Facebook, sem que se dignem de levantar as nádegas de suas cadeiras e realmente executar alguma ação que vise à expressão do que pensam (ou dizem pensar).

O problema é que a World Wide Web tornou-se, em realidade, um meio de generalização de pensamentos e sentimentos... um lugar comum onde as reações se tornaram, concomitantemente, comuns, costumeiras. Em suma: a revolta, a indignação, se tornaram fatos rotineiros e aceitáveis, mesmo que se diga o contrário.

Isso leva a... bem, o post já está meio comprido; deixemos para continuar o raciocínio na próxima publicação.


Causos do transporte coletivo:

I

20/12/2011, 14:32h, Term. de Almirante Tamandaré. Conversava com a cobradora da entrada de lá, quando ela começou a me contar dos filhos dela. Logo, contou que, com frequência, eles iam visitar o avô:

- É, volta e meia eles vão lá no meu pai; às vezes não tem ninguém em casa pra cuidar deles.
- Ah, mas isso é normal... vai ver eles se divertem.
- Que nada! Quando eles chegam, meu pai diz: "Seus lazarentos! De novo esses piás do demônio aqui dentro de casa!"

Já cantavam os Titãs: "Família, família... cachorro, gato, galinha..."
 
II

Dia 26/12, segunda-feira, 14:30h. Terminal do Cabral. Um dos motoristas do São João havia reclamado que o carro BN410 estava com o freio ruim. Logo, pouco antes do horário citado, o carro pitoco de socorro da Glória adentrava o terminal, estacionando logo ao lado da guarita. O mecânico perguntou:

- Que horas ele faz aí, 14:30h?
- Sim sim, logo deve estar chegando.
- Ah, então vou estacionar um pouco mais pra frente.

Porém, o carro ficou no mesmo lugar. Pensei comigo que o mecânico havia desistido da idéia. Logo após, chega o BN410 e a regulagem do freio é efetuada. Porém, logo depois, vejo cabos de energia ligados nas baterias dos carros... estranhei: "Ué, mas não era só o freio?". Continuei trabalhando.
Depois de alguns 5 minutos de abstração, olhei de novo e o pitoco ainda estava lá. O micro já tinha saído. "Ué, o que ele ainda está fazendo aqui?", pensei. Logo depois de uns 10 minutos, vi o BA116 chegando e compreendi: o socorro havia enguiçado! Foi necessário ligar os carros por uma barra para que o BA116 socorresse o carro de socorro.

Quando o socorro precisa de socorro... "oh, e agora, quem irá nos defender?"

III

28/12, 14:39h, mesmo Terminal do Cabral. Passava o dia longo e tedioso quando, ao prestar atenção à comunicação de um dos fiscais do Centro por rádio, ouvi a seguinte pérola:

- QAP, CCO, Pç. Carlos Gomes.
- QRV
(depois de passar uma lista com alguns carros, chegou a esse trecho):
- ...veículo GE709, tabela... opa, peraí... só um momento que deu pane no HD aqui!

O cara tinha se confundido todo, passou tudo errado! O processador não anda bom hein, haha...

IV

Dia 29/12, ainda no Quebral, não me lembro o horário. Chegou uma mulher e começou a me perguntar onde pegava o Interbairros II para ir, se não me engano, ao Capão Raso:

- Você pode pegar qualquer um, tanto para o Campina do Siqueira quanto para o Capão da Imbuia.
- Pra onde?
- Pro Capão da Imbuia.
- Onde?
- Capão da Imbuia.
- Hã?
- Capão... da Imbuia.
- Capão Limpo???
- Da Imbuia!
- Quê?
- IMBUIA!!!

Usar cotonete de vez em quando é bom, sabe!


Poema do dia:

Revolta Genuína

Resista, conquiste
Não pare na pista
Não transforme o chiste
Num item da lista

Reveja, reaja
E que assim não seja
Enquanto essa naja
Mantém sua cabeça

Pois a revolta genuína
Não pára no cartaz pintado
Ao silêncio não se limita

Pois, então, deixe de lado
Essa concordância bovina
De quem nasceu derrotado
De quem nada faz, quando instado
Mas reclama na surdina

Cristiano Tulio - 23/01/2012

2 comentários:

  1. Abrace o cachorro
    Dê banho em seu gato
    Trate bem do porco
    Escove o cavalo

    Dê alpiste à ave
    Dê feno à vaca
    E limpe o aquário
    Do peixe dourado

    Porém, não se esqueça
    Ainda que não pareça

    Baratas e moscas sofrem, meu bem
    O sapo, a cobra e o morcego
    Merecem sua proteção também
    Mesmo que não te dêem sossego

    Alimente sua iguana
    Não deixe a ovelha com frio
    E siga com a idéia insana
    De que eles são todos seus

    Porém, não se esqueça
    Ainda que não pareça

    Baratas e moscas sofrem, meu bem
    Aranhas e urubus-rei
    Merecem sua proteção também
    Não são bichos fora da lei

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