terça-feira, 19 de julho de 2011

Lyin' Eyes

   Fico irritado com a "cara de pau" das pessoas, em certos momentos. Lembrou-me agora aquele episódio da escrivã que foi revistada à força por um delegado, alegando que não possuía consigo dinheiro advindo de corrupção. Ao ser revistada, a bufunfa foi encontrada, e ela se saiu com essa: "Esse dinheiro não é meu".

   Falo disso porque, ontem, uma passageira foi extremamente descortês e obtusa com uma operadora do sistema de transporte coletivo. Destratou-a severamente porque ela não possuía troco pra 50 reais (sendo que o troco máximo, de acordo com o regulamento, é de 20 reais). Ainda bem que outros usuários vieram a defendê-la, oferecendo-se como testeunhas contra a mal educada senhora.

   Há quem se porte da maneira errada e ainda ache que tenha direito de se enervar. Quem faça errado e ainda queira esbravejar contra quem revelou sua iniquidade. Quem cometa crimes e ainda se veja no direito de ficar impune.

   Não é à toa que essa inversão de valores, essa dissociação entre moral e justiça, nos leva à concepção de um país de diferenças tão abissais, de desorganização assaz imensa e de população tão alienada. E nós, como bobos da corte, agradamos aos reis para que estes não nos cortem as cabeças, sendo que, de uma forma ou de outra, eles riem de nossas desgraças.

   Quiçá, um dia, o povo acorde, e faça as coisas funcionarem. Entrementes, enquanto se portarem de forma semelhante àqueles que criticam, nada vai se alterar.


Causos do Transporte Coletivo:

I

Dia 18/05, Term. Cabral. Estava para ir para o Guaraituba, e logo escutávamos de um usuário que um dos motoristas da linha Cabral/Portão estava "furando ponto" (ou seja, deixando os passageiros no ponto). Ligamos para a CCO e relatamos o fato. Não me lembro quem lá estava, porém, depois da denúncia, saiu-se com essa:

- Mas foi o motorista da tabela que te falou?

É, é.

II

Dia 22/05, domingo, Term. Sta Cândida. Estava cuidando dos biarticulados, no final de um dia meio atribulado, quando, às 17:44h, o motorista se aproxima e diz:

-  Um passageiro acabou de vir até mim e disse que chegou ao Term. Santa Quitéria!

Viramos Curitiba de ponta-cabeça no domingo, só pode...

III

Dia 23/05, Term. Cabral. Começando bem a semana, um animado futuro passageiro da linha Tamandaré/Cabral pergunta-me:

- Onde eu pego o Tamandaré/Cabral?
- Ali no meio... você passa pelo túnel e é ali perto da bilheteria de entrada, do lado esquerdo.
- Ah! Então eu passo por aqui e tchum!?

Isso aí, e tchum!

IV

Dia 26/05, gloriosa quinta-feira, Term. Cabral. Estávamos na guarita o supervisor e eu, quando nos procura um ser, às 14:02h:

- Eu queria ir até a R. Erasto Gaertner.
- Que altura?
- Não sei!
- Não é na Auto Peças Alvorada, essa aí do folheto na sua mão?
- Ah, é, é aí mesmo!!!

Tem gente que não sairia de um labirinto nem com um mapa.

V

No mesmo dia 26, mesmo bat-local, às 13:03h, conversava com o motorista do Colina Verde:

- ...pois é, o que houve ontem com o outro carro da tabela?
- Quebrou, daí eu vim cheio.
- É, ontem foi o dia dele... de repente logo é o seu.
- Nada, esse carro é o melhor de todos!

Logo, no horário seguinte, o carro não apareceu. No dia seguinte, o condutor veio me dizer:

- Mas você hein! Ontem uma mulher passou mal e tivemos que cortar uma viagem!

Quando eu digo que mando naquela budega, eu não tou mentindo...

VI

Ainda no pretérito dia 26, uma usuária queria saber como chegar ao Boqueirão, às 17:09h:

- O Inter 2 passa no Boqueirão, né?
- Mas ele vai pro Hauer, na verdade...
- Hauer é Boqueirão!

Uma coisa é uma coisa, outra coisa...

VII

Saí de férias, voltei dia 02/07. No sexto dia julino, já atuava eu no Term. Sta. Cândida. Lá pelo final da tarde, o GD343 chega uns 5 minutos atrasado, sendo que o da frente havia se envolvido em sinistro. O motorista, esbaforido, me conta:

- Porra, cara, cheguei atrasadão porque peguei os passageiros do carro que bateu. Daí, os passageiros se pegaram na porrada porque um cara tentou assaltar alguém lá... saíram no braço mesmo!

Teria que ser criativo demais pra inventar tanta desgraça junta!

VIII

Dia 12/07. Laborava no Terminal Cachoeira, quando, lá pelas 16:30h, observo uma menina de uns 10 anos e seu irmão menor, com uns 8 (imagino) passando. Ela segurava umas 6 ou 7 sacolas; ele ia com duas - uma em cada mão. No meio do trajeto, qualquer coisa caiu. Aí, se deu o seguinte diálogo, começando com a menina:

- Pega ali, que caiu!
- Pô, não ta vendo que eu tou com as mãos ocupadas?

Ela, sem paciência, pegou o objeto do solo mesmo com aquele monte de pacotes na mão, e ainda arrematou, em voz alta:

- Mas é um monte, mesmo!

Ri desabridamente.

IX

Hoje, 18/07. Depois de um dia confuso, trabalhava nas estações tubo e, às 16:24h, cheguei à E.T. Fernando de Noronha, sentido Centro. Conversava com a operadora e assinava a ficha, quando duas senhoras se aproximaram para entrar. Logo, a senhora que estava atrás, com pressa (visto que o ônibus recém encostara), falou à outra, que ia encostar o seu cartão:

- Viu, eu não sei se a senhora vai pegar esse ônibus, mas me deixe passar que eu quero pegá-lo!

Dispensa comentários.

X

Aqui, algumas pérolas para vocês, passadas por alguns colegas (grazie, Guilherme e Meier!):

"Queria ir na Erastogether" (Erasto Gaertner)
"Pegar o Fliperama" (Futurama)
"Onde passa o Raul Solange? (Ahú/Los Angeles)
"Pra Vila Fênix?" (Vila Fanny)
"O ponto do Capitão Mafra?" (Carbomafra)


Poema do dia:

E Tu, Quem És?

Gostava de ti
Gostava do quanto gostavas de mim
Gostava, pois sim

De pensar no quanto me amavas
No fim
Não era o que eu vi

Gostava, de ti
Esperava a prosa e o verso e, assim
Em ti, me escrevi

Julgava sentir
Que esperavas o dia todo o meu vir
Do mundo que eu fiz

Pros teus sentimentos tocarem
Meus rins
E eu, querubim

Gostava, de ti
Esperava todo o universo e, assim
Em mim, me perdi

Eu acho mesmo é que eu gostava de mim

Cristiano Tulio - 15/07/2011

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