sábado, 12 de junho de 2010

Onibusfobia

Bem... não era exatamente sobre o que eu pensara escrever por esses dias... porém, como muitas pessoas têm me perguntado sobre o acidente de ônibus ocorrido na última quinta-feira, achei útil expressar algumas informações ou opiniões sobre o ocorrido.

Em tempo, para quem ainda não sabe (o que eu acho difícil): dia 10/06/10, às 11:30h aproximadamente, um ligeirinho da linha Colombo/CIC, prefixo HL098, desceu a curva da Pç. Tiradentes desgovernado e arrastou tudo o que encontrou pelo caminho, atingindo dois carros, furando o sinal vermelho, passando reto na curva que dá acesso à Tv. Tobias de Macedo e quase entrando em uma unidade das Lojas Pernambucanas. Duas mortes e trintas pessoas feridas são os números lamentáveis da tragédia.

Muitos já me questionaram o que teria acontecido de fato com o coletivo.

Fazendo algumas pesquisas, descobri que o carro em questão era um Caio Apache Vip, provavelmente ano 2002, chassi Volvo B7R Urbano, semelhante a esse.

Segundo o que pude averigüar, os modelos Volvo B7R possuem sistema de freios EBS-5, controlados por meios eletrônicos, que incluem ABS, regulagem de pressão e frenagem nos discos. Em outras palavras: o sistema de freios do ônibus, como o dos outros em geral, é a ar.

Alguns passageiros do sinistrado disseram ter ouvido um grande estalo... isso pode denotar algum rompimento em alguma parte importante do sistema: barra de direção, algum dos componentes do sistema a ar e mesmo pane nos sistemas eletrônicos.

No site da RPC, especialistas afirmam que pode ter havido falha humana. Não ouso discordar deles; entretanto, não creio que ela tenha sido o fator determinante do desastre. Num primeiro momento, o veículo acertou um táxi, percorreu mais 30 metros e acertou outro carro, e percorreu mais 20 metros até parar na calçada. Acredito que, se fosse alguma imprudência do condutor, esta teria cessado logo após a batida no táxi ou, no máximo, no segundo carro.

Interessante ver uma reportagem no exato momento em que o linha direta desgovernado passa pela curva da Pç. Tiradentes:

Não é difícil de reparar que o ônibus já vinha sem controle: faz a curva de uma forma torta, esquisita e rápido demais. Contudo, nem tão rápido que não pudesse parar se frenado (estimaria a velocidade dele em 40 a 50 km/h; com um peso de 16 ton, o ônibus pararia, em meu ver, a tempo de evitar o choque com o segundo carro - 30 m). Cansei de ver ônibus nessas velocidades pararem em espaços até menores.

Tudo bem que a fama de pés-de-chumbo dos operadores de ligeirinho é grande... mas não consigo acreditar que a culpa tenha sido do motorista. Se houve, é mínima. Acho mais provável uma pane no sistema de ar... ainda mais porque não se sabe se o veículo tinha sistema de frenagem reserva.

É o que eu acho. Pode ser que eu esteja redondamente enganado, claro. Negócio é ver os laudos depois.

Após isso, permito-me discorrer sobre alguns pensamentos:

Impressionante ver como as desgraças... ou as glórias... enfim, os grandes eventos costumam marcar e assombrar as pessoas. Tornam-se assuntos falados, discutidos, opinados, dissecados. Convertem-se, ainda, em pontos da História de um povo, seja qual for a amplitude desse conceito.

Cuidados são tomados; mudanças, planejadas; a atenção e a prevenção surgem em seu estado máximo. Todavia, passado certo lapso temporal, tudo retorna ao normal, até que outro grande acontecimento tenha lugar.

É a máxima do tempo cíclico: em certos intervalos, alguma coisa importante acontece para causar alterações. Porém, na maior parte dos dias, tudo transcorre de maneira corriqueira. Embora os acontecimentos sejam diversos, os significados a eles atribuídos são semelhantes, de forma a agrupá-los e classificá-los de acordo com sua influência na vida das pessoas que por ele foram atingidas.

Ademais, tais fatos ocasionam um aumento da tensão e da atenção do ser humano, estados incomuns que não são mantidos por muito tempo. Logo o cotidiano toma conta de novo.

Por isso que há a ilusão de acontecimentos totalmente novos. Alguma novidade há. Por outro lado, não deixam de ser eventos explicáveis por alguma experiência passada, encaixáveis em alguma modalidade de marco pré-estabelecida. Em outras palavras: já vividos de alguma forma por alguém.

Em outro ponto de vista: às vezes, é preciso que grandes coisas ocorram para que alterações nercessárias sejam efetuadas. O aprendizado reflete nisso porque a memória do homem é pouco poderosa e, este, teimoso. Erra até se ferrar com o equívoco. É um mal preciso, um bem canhestro. Do sentimental ao científico, o empírico sempre é mais eficiente... mas não é único (a intuição, que anda em baixa, volta e meia é ótima companheira na prevenção de infortúnios).

"Read what you say and what you bought
And there ain't no magic pen to get back what you lost"


Escrevi demais; duvido que alguém leia tudo. Poema do dia:

Pelo Mundo

Quando te vais
Os barcos se escondem
Ancoram no cais
Tementes do mar
De seus horizontes
Sem limiar

Navegar indeciso
Viver impreciso
Enquanto precisares

Cristiano Tulio - 01/06/2010


*Fontes do post - informações sobre o ônibus e o acidente:

1) http://www.onibusdecuritiba.com.br/galeria/details.php?image_id=611
2) http://www.caio.com.br/produtos/urbano/apachevip.php?lg=P&idm=17#t
3) http://www.volvobuses.com/bus/brazil/pt-br/onibus/urbanos/b7r+urbano/pages/b7r+urbano.aspx
4) http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1013020&tit=Corpos-das-vitimas-de-acidente-de-onibus-sao-enterrados-em-Curitiba

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