sábado, 5 de junho de 2010

Bem Vindo Ao Mundo Adulto

A vida corre; o relógio é impiedoso. Tudo de forma cíclica, por mais que a História nos traga a ilusão de acontecimentos únicos e marcantes.

Entretanto, às vezes, alguns fatos acabam sendo interessantes, de um ponto de vista pessoal. Assim foi o show do Biquini Cavadão a que assisti, no dia 02/06, uma quarta-feira de noite parcialmente nublada, em Curitiba.

E lá vamos nós de novo. Dessa vez a viagem foi mais curta: de casa para a Av. Água Verde, 66, onde fica o Momentai. Nunca tinha ido ao lugar, que é típico pra baladas: fechado e não muito espaçoso.

Os aventureiros da vez seriam o Ivan, o Luciano, a Islayne, a Kelly e eu. Eles queriam sair bem cedo (lá pelas 21:15h) e eu já queria ir mais tarde. Afinal, baladas começam tarde e terminam cedo. Porém, fui voto vencido e lá fomos nós.

Chegamos umas 21:30h. Adivinhem? O local ainda estava fechado, óbvio!!! Alguns minutos depois, pedi meu ingresso e descobri (porque ninguém tratou de me lembrar) que precisava da carteirinha de estudante para entrar, visto que era meia (sim, eu vou ao cinema todo dia; logo, devia estar com ela... que rico eu sou!). Nada que um quilo de alimento não resolvesse...

Depois de caminharmos pelo menos 1 km, achamos o Extra ali por perto. Comprei 1 kg de feijão (que é o que todo mundo compra nesses eventos) e voltamos para o lugar... uns 10 minutos antes do horário de abertura das portas...

...ou melhor: que seria de abertura das portas. Já havia uma fila, mas o acesso começou apenas às 22:45h mais ou menos. E já ali, pelo menos para nós, começou o espetáculo: o show tinha classificação apenas para maiores de 18 anos; o Ivan (que é menor), leu no Disk Ingressos que era de 16 para cima. O infante é barrado pelo segurança e não houve jeito: NÃO ENTRA. O menor, desconsolado, dirige-se de volta ao carro e nós entramos para ver o .

Diria que quase foi um xô, mesmo. A apresentação, que pensávamos começar às 22:30h, começou 01:15h. Nesse meio tempo, os "tuches" e a agitação quase fizeram a Islayne... dormir (há quem fique com sono nas mais estranhas circunstâncias!).

Por fim, entraram os caras! Fizeram de tudo: tocaram covers, agitaram a galera, tocaram sucessos, músicas novas... o Bruno desceu no meio da galera e trouxe uma fã (gata, porém, desafinada) para brindar-nos com sua voz de taquara rachada. A mina fez de tudo: tocou meia lua, tentou agitar a galera também. Não deu muito certo; Biquini fez bem melhor... :P

Durante o show, tinha um fã exaltado da banda que insistia em ficar pulando e se contorcendo na minha frente... tudo bem ser fã, mas de fã a viado a distância vai longe! Umas belas cotoveladas deram jeito no folgazão.

No todo, outro show alucinante... a banda sabe entreter e tem músicas e letras boas como nenhuma (eu disse NENHUMA) banda formada após 2000 consegue fazer. Rock é isso; o resto é EMO!

Tudo teve fim às 3 horas da manhã, mais ou menos. Ainda comprei o CD novo do grupo por míseros 6 (é, meia dúzia) reais. Realmente, uma exibição para ser guardada na memória! :)

Agora, um momento de reflexão:

Quando digo que bandas recentemente lançadas na e pela mídia são ruins, não é ser retrógrado ou não admitir que existam algumas boas... Keane é um grupo mainstream bastante respeitável, com canções das quais consigo lembrar mesmo depois de ANOS ouvindo outras coisas.

Onde quero chegar? Explico.

As bandas novas (Franz Ferdinand, Paramore, MGMT, essas coisas) fazem músicas que, embora agitadas, são fortes em apenas alguns pontos: se a música é boa, a letra é ruim, ou vice-versa. Assim, o meio musical vem se tornando, como quase tudo hoje, um produto de consumo imediato, descartável, intermitente. In exempli? Quem se lembra de Outkast, uma banda que fez muito sucesso com a canção Hey Ya pelos idos de 2004, 2005? Tocou na MTV até estourar os tímpanos e, atualmente, pouca gente ainda escuta aquilo.

Por outro lado... mencione Another Brick In The Wall (Part II), do Pink Floyd. Díficil alguém que nunca tenha ouvido. Ou Wonderwall, do Oasis, clássico romântico dos anos 90. E The Beatles? Pegue as letras dessas canções, os sons, a harmonia, a melodia... irrepreensíveis. Essas bandas vieram de uma época em que ainda havia objetivos e engajamento em grandes ou pequenas causas. Aí vem a pergunta: pelo que lutamos hoje??? Por um individualismo fútil e ridículo, melhor expresso com palavras do que com gestos ou atos?


Poema do dia:

Veemência

Sem aço, cansaço
Do peito que tanto inspira
Expira, perspira
Ao manter o passo
No espaço de uma mentira

Sem azo, o acaso
Do mundo que está ao redor
Menor ou maior
É o nosso prazo
Não depende só do suor

Quem vem afirmar com veemência
Somente o faz para não fremir
Diante de sua própria negligência
Em não aceitar ao admitir

Sem ato, desacato
Da natureza tanto intrínseca
Única, ínfima
De movimento nato
Advindo duma idéia cínica

Cristiano Tulio - 04/06/2010

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