segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

It Isn't What The Governmeant

Começo de ano... dava pra escrever aqui sobre oitocentas coisas... porém, sem pensar muito, minha escolha recaiu sobre a declaração de alguns líderes do poder executivo: precisamos enxugar a máquina estatal.

Parece óbvio, mas não é. A questão, na realidade, não é exatamente essa; apenas perpassa por essa alternativa.

O cerne do problema reside em outro campo: a eficiência e a eficácia do serviço público.

Observa-se, hoje, que a estrutura governamental é totalmente paradoxal: em alguns setores, sobram funcionários e falta serviço; em outros, o número de servidores é insuficiente e há muito o que fazer. Ou seja: precisamos de menos pessoas e de mais pessoas (!)

Isso não aconteceria se o serviço público brasileiro não estivesse atrelado a uma história de mamatas e maracutaias; se a reforma da gestão pública iniciada por FHC tivesse sido efetivamente implantada, com a tomada de índices de desempenho individual e coletivo nas repartições estatais; se, enfim os brasileiros levassem mais a sério a oportunidade de cobrar de seus administradores posturas mais ativas e, ainda, se dedicassem à melhoria do país de forma séria e bem intencionada.

Por isso, não será apenas o corte na abertura de novas vagas que fará com que o orçamento seja reequilibrado. Dever-se-á, ainda, enfrentar o desafio de modificar a organização e as metas do aparato estatal para que, aí sim, os governantes possam fazer com que o tesouro arque com um bom rendimento governamental.


Causos do transporte coletivo:

I

Dia 23/12, esquina da R. Tomazina com a Av. Anita Garibaldi, 12:16h. Havia acabado de passar pelo tubo Ahú e me dirigia ao Term. Cabral quando, sem mais nem menos, após a liberação do tráfego pelo semáforo, um carro prateado modelo Corsa hatch liga a seta para a direita e desce pela Anita na contramão. Achei que o motorista, logo que visse os demais carros vindo em sentido contrário, fosse se tocar... mas, que nada (salve Jorge Ben Jor)! Seguiu tranquilamente rua abaixo sem se aperceber da asneira que fazia...

II

Mesmo dia 23, às 12:22h, no Term. Cabral. Conversava com um colega de serviço quando uma usuária veio pedir-lhe uma informação.

- Queria ir até o Observatório (?) do Boa Vista...
- Quem???

III

Ainda no dia supracitado, na Estação Tubo Antônio Cavalheiros, conversava com um cobrador quando, às 14:38h, ele olhou para uma moça e disse:

- Lindos cabelos!

Olhei seco, achando que era uma gatinha... quando vi, era uma morena esquisita de cabelo armado e despenteado; acho que dava pra achar um Jumbo lá dentro.

IV

Dia 25/12, 16h, Term. Sta Cândida. Desfilava meu tédio pelo Terminal enquanto conversava com o porteiro, quando ele soltou:

- ... tipo, tinha um cara bem gordo, sabe... quase que tinha gravidade própria!

V

Ainda no Natal, dialogando com o mesmo porteiro, uma hora estávamos falando de música. Até que, ali por perto, um televisor transmitia a imagem de uma moça tocando Imagine no teclado. Citei o fato, ao que o porteiro replicou:

- Imagine... do Elton John, né!!!

John Lennon deve ter dado umas 15 voltas dentro do caixão.

VI

Dia 27/12, Term. Cabral, às 12:53h. Estávamos eu e mais dois colegas dentro da guarita, quando um deles comentou:

- ...estou com um atestado aqui, tenho que mandar lá pro administrativo.

Ao que o outro respondeu:

- Hum, achei que o atestado era da Sociedade Protetora dos Animais!

VII

Mais tarde, no mesmo dia e local, às 16:30h, conversava com um dos motoristas da linha São João:

- E aí, se preparando pro Ano Novo?
- Pois é rapaz... quero ver a queima de fogos no Rio!
- Ah é?
- Pois é... vou na beira do riacho e vejo só o mato queimando!

E depois:

- É, você sabe que andei me bronzeando esses dias...
- Ah, foi pra praia?
- Não, tava carpindo o terreno lá em casa, debaixo de Sol, torrei todo!

VIII

Dia 28/12/10, 13:55h, Cabral velho de guerra. Conversávamos eu, o porteiro e o guarda, e esses entraram a discorrer sobre as peladas que se jogavam por aí nos bairros da cidade antigamente. Foi quando o porteiro falou:

- Não, precisava ver! Ali atrás da garagem da Glória tinha um campo, e volta e meia ali tinha um clássico, sempre saía porrada: Jardim Roma e Vila Grécia!

IX

The last, but not the least: dia 31/12, às 16:18h, esquina da R. Domingos Strapasson com a Av. Ver. Toaldo Tulio. Estava eu em casa quando a luz acabou, de súbito. Dentro de 10 minutos, um amigo meu ligava:

- Polaco, você viu que o ônibus bateu no poste aqui????
- Como assim???

Fui até lá. O MC861, linha Fernão Dias, acertou o poste após uma tentativa malograda de vencer uma curva, derrubando-o e acabando com o fornecimento de energia elétrica de metade do bairro, além de bloquear a sua principal avenida. Disse o motorista que foi fechado mas, após, confirmei com uma testemunha que ele se perdera sozinho na curva.

Liguei para a CCO e comuniquei-a do fato. Mais tarde, apareceram os empregados da Copel, um dos quais, após olhar o estrago, proferiu as seguintes palavras:

- Filha da puta!!!

A luz voltou apenas ás 21:30h. Certamente, não foi um bom Ano Novo pro motorista, nem pros funcionários da Copel...


Poema do dia:

Devaneio Padrão

Viajo sem destino em meus pensamentos
Momentos de reflexão e de desatino
Desacato do recato, pente fino do ladino

Destravo a memória enquanto retenho
Tudo o que vejo - oh, tarefa inglória
De esquecer da vida pra lembrar da história

Pare, que eu vou passar
Em direção a nenhum lugar
Siga, que eu vou ficar
Esperando para poder continuar
Em busca do que nunca vou achar

Divido e subtraio, multiplico e somo
Elevo ao quadrado e chego - não sei como
Ao zero absoluto, ao infinito sem retorno

Pare, que eu vou cruzar
A avenida em meio ao deserto
Siga, que eu vou esperar
Ficando sem poder sair de perto
Do espaço entre o Sol e o luar

Cristiano Tulio - 31/12/2010

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