segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

All I Have To Do Is Dream

Há uns dias, conversava com um amigo meu sobre coisas passadas. Ele disse:

- Caramba, eu jurava que você tinha falado que pegou uma professora lá. Colocaria a minha mão no fogo se alguem perguntasse. Só o que me falta é eu ter voltando a misturar os sonhos com as lembranças da vida real.

Ao que eu repliquei qualquer coisa e mencionei a canção do grande Raul Seixas (que se danem os que dele não gostam; toca Rauuuuuuuul!), O Conto do Sábio Chinês:

"Era uma vez
Um sábio chinês
Que um dia sonhou
Que era uma borboleta
Voando nos campos
Pousando nas flores
Vivendo assim
Um lindo sonho...
 
Até que um dia acordou
E pro resto da vida
Uma dúvida
Lhe acompanhou...
 
Se ele era
Um sábio chinês
Que sonhou
Que era uma borboleta
Ou se era uma borboleta
Sonhando que era
Um sábio chinês...
"

Quem sabe o que é sonho e o que não é? Curioso vermos, por exemplo, situações que pensamos estar vivendo enquanto no mais puro estado de inconsciência, como quando temos um pesadelo. Juramos que era real o que era sonho. Em outras ocasiões, cremos piamente tratarem-se de uma alucinação quando são mais reais do que qualquer outra coisa palpável e concreta. Exemplo, um grave acidente. Juramos que era sonho o que era real.

O que impressiona (e sempre, desde os tempos mais remotos, impressionou) o ser humano é a novidade, o surpreendente, o inacreditável. Daí a noção de sonho, visto que o nosso subconsciente (segundo a teoria psicanalítica) guarda as vontades e os desejos secretos, os quais seriam todos revelados/extravasados por meio daquele. Por outro lado, a noção de inalcançável de cada um é totalmente diferente, de forma que, por vezes, o sonho de alguns pode ser a mais pura realidade de outros. Confuso, não é?

"Still holding on
You know the trip has just begun"

Daí surgem as histórias, as lendas, as imprecisões e as dúvidas. Acabam se refletindo na história pessoal dos indivíduos e, em muitas oportunidades, pela fama do sonhador, na própria história que temos por mundial, em relatos muitas vezes cridos porém dificilmente comprováveis.

Seria toda a história um sonho? Seria a existência nada mais, nada menos do que uma miragem constante imposta à consciência?


Causos do transporte coletivo:

I

07/01/11, Term. Cabral, 14:02h. Procedia normalmente com meu labor quando, súbito, chamou-me a atenção um usuário que olhava estupefato para todos os cantos do terminal. Ia, voltava, e não conseguia decidir-se sobre a que lugar devia ir. Logo, descobriu-me e até mim veio. Ao adentrar a guarita, já desculpou-se:

- Dá pra ver quando alguém tá perdido, né!

É tanta gente perdida que não sei como eu notei.

II

Essa foi um operador que me contou no dia 24/01 (!), no Term. Cabral. Narrou que encontrava-se no ônibus da linha Colombo/CIC quando ouviu, por acaso, a conversa de um rapaz com trejeitos homossexuais ao celular:

- Amigo, agora eu tô pobre! Tô pegando a Urbs!

Sem querer ofender mas... tinha que ser um baitola mesmo!

III

No mesmo dia 24/01, após um dia estafante no Term. Maracanã, voltando para casa a bordo do 18L32, linha Maracanã/Cabral, conversávamos o motorista e eu quando, ao aproximarmo-nos da esquina próxima à empresa Penha, às 18:19h, avistamos duas moças numa moto, paradas bem em cima da linha horizontal que delimita o início da faixa de pedestres (e a área de segurança para que os carros não sejam atingidos por veículos de grande porte que façam uma eventual curva), esperando pelo sinal verde. O motorista, fazendo pouco caso disso, e ciente do que fazia, deu seta e realizou a curva. Quando as garotas se aperceberam daquele monstro de 16 toneladas vindo, começaram a recuar com a moto e...

- Aaaaaaah!

...um curto grito de susto teve lugar. O motorista, de forma calculada, passara a 15 cm delas e as meninas quase(?) se borraram de medo. Nos limitamos a rir, porque sabíamos que dificilmente elas farão essa bobagem de novo, depois dessa.

 IV

Terça-feira, dia 25/01, lá pelas 17:40h. Estava eu em treinamento para o passe escolar e, este já findo, fui à Central de Controle Operacional conversar com o pessoal. Logo, o meu colega do Norte liga e relata que o tubo do Colombo/CIC sentido Colombo, no Term. Cabral, havia travado com as portas fechadas. Ou seja, o pessoal tinha que abri-las na mão.
Logo, ligou de novo para avisar que tinha conseguido resolver o problema. Peguei o telefone:

- Aê, nega, se fodeu então, hahaha!
- É, essa porta é uma bosta. Mas já resolvi: peguei o Jornal de Colombo e entupi o sensor, aí elas ficam sempre abertas!
- Boa, bem dessa.
- Um dia esse jornal tinha que servir pra alguma coisa!

V

Dia 26/01, prédio central da Urbs. Estávamos ainda no segundo dia de treinamento para o cadastramento do passe escolar, quando colocaram alguém que nunca tinha mexido no sistema para explicar a nós e aos estagiários como usá-lo.
Palestra vai, palestra vem, o cara erra a inserção dos dados e aperta "editar": puf, apagou tudo. Rimos, embora saibamos que isso é normal uma vez ou outra ao lidar com essa budega. Mais 15 minutos, no meio de outro exemplo, o cara apagou os dados de novo.
Isso se repetiu por mais umas 5 vezes durante as explicações, pelo que eu e meus colegas simplesmente estourávamos de tanto riso. Até que ele decidiu copiar e colar os dados, ao que uma das supervisoras aplaudiu entusiasticamente:

- Êêêêêê!

Não me aguentei. Tive que sair do auditório para rir.

VI

Dia 30/01, Domingo, Term. Sta. Cândida, 12:42h. Chego e começo a trabalhar, sentado dentro da guarita, quando observo dois moleques jogando futebol empolgadamente, Dribles, toques, chutes, corridas e a maior diversão do mundo. Percebi mais tarde que um dos piazinhos estava com o pé direito descalço. Logo, percebi o que era bola: o chinelo estilo havaiana do mais novo.

VII

Mais tarde, na mesma data, horário e local supracitados, às 13:24h, notei que um piazinho começara a correr atrás de um dos pombos que circulam pelo terminal. Nada mais natural se o pestinha não tivesse promovido uma verdadeira caça ao pombo, jogando continuamente seu boné marrom em direção a este para tentar abatê-lo. Fico pensando se esse garotinho não se inspirou no desenho da caça aos alces, do Mickey, para executar semelhante empreitada.

VIII

Ainda lá no Sta. Cândida, às 17:00h aproximadamente, o guarda da Metropolitana e um operador chamaram as atenções minha e de um colega meu para um fato inusitado que gavia acontecido não distante dali: os passageiros de um ligeirinho começaram a descer no meio da via rápida, denotando que algo havia acontecido com o ônibus.
Não demorou para descobrirmos o que era: um Fiesta vermelho tentou subir a via rápida na contramão e chocou-se com o ônibus.


Poema do dia:

Anã Branca

Eu não quero mais saber
De você falando que me ama
Não quero mais te ouvir dizer
Que o seu coração jamais se engana

Eu não posso mais ficar
Só porque você não quer sair
Não posso mais, nem vou esperar
O nosso prédio em ruínas implodir

Pois todo o estupor
Somente se renova
Enquanto eu não puxo essa alavanca
Se um dia nosso amor
Foi uma supernova
Agora está para anã branca

E a verdade é que não dá
Porque, enquanto isso tudo é dito
Há tanta coisa para se mudar
E é isso que me deixa mais aflito

Cristiano Tulio - 06/01/2011

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