domingo, 11 de julho de 2010

Space And Time

Nesses últimos tempos, muitas coisas têm sido objeto de reflexão para mim. Algumas mais difíceis de vencer, como os dois derradeiros posts; outras, objeto de teorias sobre as coisas ou pessoas.

Pensava eu, há uns dias atrás, sobre como se deu a evolução da sociedade através dos tempos. E, assim como Fustel de Coulanges centralizou a sua idéia sobre a cultura funerária, por assim dizer, concluí, num primeiro momento, que a organização social se deveu, em grande parte, a um fator: a covardia.

Nos primórdios, os homens caçavam e pescavam, como se sabe. Aqueles que tinham maior porte físico, em geral, saíam-se melhor do que os demais... e, também, podiam adquirir, mediante coerção, o que os semelhantes conseguiam.

Dado isso, a solução foi a organização em hordas, chefiadas por um líder, geralmente o mais forte. Entretanto, tais grupos passaram a saquear outros grupos... o que exigiu a criação de exércitos. Isso ensejou a vinda dos reinos, Estados e afins.

Em outras palavras, e falando bem rasamente: a concepção de mecanismos de controle e organização sempre foi destinada a frear o excesso dos mais fortes, de uma ou outra forma. Assim, serve para desencorajar a covardia.

Por outro lado, curioso perceber que uma eventual subversão desses sistemas - que, de inibidores de atos opressores, passaram eles mesmos a servir de instrumento para iguais injustiças, mormente nos tempos atuais - é tida como um ato de coragem, pois o que servia para afastar a injustiça, num primeiro momento, agora se presta a facilitá-la, dependendo do uso que disso se faz.

"There ain't no real true
There ain't no real lie
Keep on pushing cos I know it's there"

Acho que vou escrever um livro. Não vai vender qualquer exemplar, mas uma viagem como essa não perde para muitas das coisas que já vi nas prateleiras de algumas livrarias.

Causos do transporte coletivo:

I

Primeiro dia na nova função. Terminal do Boa Vista, 04/07/10, lá pelas 16:30h. Concentro-me em fazer nada, pois o lugar em questão é praticamente morto aos Domingos. Lá pelas tantas, ouço um piá relatando para um grupo de outros moleques uma cantada que tinha passado:

- Não, cheguei na "mina" e perguintei pra ela: "você tá vendendo bala?" Aí ela disse: "não, por quê?" e eu "e esse pacotinho aê?"

Mal sabia eu que as coisas podiam piorar...

II

...porém, sempre podem. Na Segunda, 05/07, no mesmo Terminal, às 17:56h, um biarticulado Sta. Cândida/C. Raso (não me lembro o prefixo, só sei que era BDxxx) fica com a porta 5 travada por alguns minutos. Logo destravou e saiu do lugar, para meu alívio...

III

...que não durou muito. Terça, 06/07, ainda lá, às 17:58h, o biarticulado VD984, da linha Sta. Cândida/C. Raso, apresentou problemas na caixa de câmbio e simplesmente travou na plataforma. Ótimo horário para tanto, visto que já havia outros três atrás dele. Resultado: desvios pela contramão e por fora do Terminal, embarques pela porta de emergência, pessoas perdidas... depois de longos e tenebrosos 20 minutos, o ônibus conseguiu sair dali, o que causou o meu atraso para o futebol das 19h.

IV

Mas a semana ainda não estava completa. Quarta, 07/07, às 17:12h, a luz caiu em metade da cidade. As catracas pararam de funcionar e, de novo, problemas para resolver. Pensava se até o final de semana as profecias de Nostradamus se concretizariam...

V

Até que veio a Quinta, 08/07. Uma mulher exigiu de mim que tomasse alguma providência quanto aos cachorros que habitam no Terminal, visto que eles tencionam morder os transeuntes. Claro, vou adotá-los e levá-los para casa só por que ela quer... afinal, eu sou um tanto altruísta.

VI

Por fim, hoje, já saindo do serviço no Terminal Sta. Cândida, lá pelas 18:40h, enquanto passageiro do veículo BA139, linha Sta. Felicidade/Sta. Cândida (carinhosamente conhecida como "Santa-Santa", dada a sua curtíssima extensão), um "mano" meio cuzido/chapado entrou pela porta dos fundos do carro ali na altura de Alm. Tamandaré. O cobrador logo viu e tratou de avisar o motorista, que, após andar um pouco, parou. O cobrador então dirigiu-se ao elemento e pediu que ele colaborasse. Aí resolvi intervir. Fui até o invasor e travamos o seguinte diálogo.

- Ei cara, 'bora pagar a passagem lá.
- Tá falando comigo?
- U-hum.
- Tá, então já vou te pagar.

E, ficou de pé na minha frente, de costas para mim. Começou a mexer no bolso perto da cintura, e eu, que nada via, já achei que ia levar um balaço na testa ou algo assim. Segundos de tensão até que ele, singelamente, sacou da algibeira uma moeda de um real e ma deu. Logo falei:

- Agora passar lá pela frente.
- Tão tá bom.

Passou e, como eu agradecesse a atitude, até se desculpou com um "foi mal". Belo desfecho para quem imaginou não chegar ao final da viagem vivo... morra de inveja, Indiana Jones!


Poema do dia:

Sem Saber Muito Mais

E quando a chuva todo me molhar
Eu vou sentir em mim o Sol arder
Pois quando o frio intenso aparecer
É que fará a extensa luz brilhar

Pois, o que ouço, nem vou apreciar
Quando o que eu digo é que faz valer
Os dias, tardes, qual o anoitecer
Não vão além do que eu acreditar

Forma de ver
De interpretar
O que você
Pode tentar
O amanhã vem sem saber muito mais

Do que não sei
Resta esperar
O astro-rei
Se levantar
Trazendo a guerra pela nossa paz

E se o relógio, logo mais, parar
Trará a muitos toda a perdição
De não poder fingir toda a razão
Que imaginamos poder controlar

Pois, o que vejo, nem vou tencionar
Ter como o verdadeiro do que vai
Sem ter limite ou retornar jamais
Do que a minha imaginação criar

Cristiano Tulio - 11/07/2010

Um comentário:

  1. HAHAHA, fazendo amizade com os "truta", então?!
    Só fiquei imaginando sua cara quando pediram para vocês expulsar cachorros do terminal! uhaeuheauheauhea

    ResponderExcluir